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Modos e Modas é o blog da Jornalista Deise Sabbag. Inspirado nas tendências com possibilidade de alcançar as ruas e focado nas tendências adequadas ao biotipo brasileiro. Deise é autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma”, e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”, glossário reunindo os principais verbetes do setor.
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Que aula ! Médico apaixonado por betas positivos vê esperança nos avanços da medicina reprodutiva.

Written By Deise Sabbag on sexta-feira, 28 de março de 2025 | março 28, 2025

 




Pai de trigêmeas, concebidas via FIV ( Fertilização in Vitro), o dr.  Vamberto Maia Filho  é dono de  respeitável trajetória na área: foi o primeiro residente em reprodução humana do Brasil e integrou a equipe responsável pelo nascimento do primeiro bebê gerado por FIV  pelo SUS, em Recife.

Pernambucano natural de Recife,  sua  família tem  forte ligação com a saúde: o pai é médico, a mãe engenheira civil e a irmã caçula é pediatra. Esse histórico familiar o motivou a se tornar ginecologista especializado em reprodução humana. Doutor pela UNIFESP, acumula 11 anos dedicados ao ensino em ginecologia endócrina, com  ênfase em pesquisa científica.

Ele mantém consultórios em Recife e em São Paulo,   onde expõe retratos de  mães felizes com os filhos, frutos dos partos que ajudou a concretizar.  No atendimento a casais inférteis, além de minuciosa  investigação clínica, ele valoriza o histórico  de vida e os aspectos emocionais de cada paciente. “Sou apaixonado por betas positivos.  Vibro com a tentante a gestante quando a gravidez é confirmada”, revela.   

Abaixo, ele esclarece as principais dúvidas de quem enfrenta a infertilidade:

 

P: Por que tem aumentado a gestação pós 40 anos?

 

R: Enumero alguns fatores:  busca de estabilidade profissional, realização de projetos pessoais ou  desejo de se sentirem mais preparadas para a maternidade. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o número de mulheres que se tornam mães após essa idade cresceu cerca de 90% entre 1998 e 2018, passando de 48.402 para 91.212.




 



P: Em que idade se inicia o processo de redução da fertilidade? 

 

R: A partir dos 35 anos há uma queda significativa na reserva ovariana e na qualidade dos óvulos, o que reduz as chances de uma concepção natural. Por isso, muitas mulheres acima dos 40 anos recorrem a tratamentos de reprodução assistida.

 

P: Quais os principais riscos e desafios da gestação da mulher madura?

 

R: A gravidez pode ser absolutamente saudável, mas exige cuidados redobrados. É fundamental que essas mulheres estejam bem informadas e acompanhadas por profissionais especializados. Uma gestação mais segura e tranqüila exige cuidados essenciais.

P: O avanço da idade traz  chances de complicações?

 

R: Pode ocasionar problemas como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia e restrição de crescimento fetal. Um estudo realizado no Hospital das Clínicas revelou que a incidência de diabetes gestacional e doença hipertensiva específica da gestação,  em mulheres com 40 anos ou mais, foi de 14,6% e 19,6%, respectivamente. Para monitorar esses riscos e agir preventivamente, é recomendável o acompanhamento médico mais frequente e detalhado.

 

P: Qual a porcentagem de problemas na saúde reprodutiva feminina e masculina? Cite  a causa mais comum da infertilidade.

R: A infertilidade pode ter origens tanto femininas quanto masculinas. Estima-se que aproximadamente 40% dos casos sejam devidos a fatores femininos, 40% a fatores masculinos e 20% a causas combinadas ou desconhecidas. Nas mulheres, são comuns  problemas de ovulação, como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), endometriose e obstruções nas trompas de falópio. Nos homens, a varicocele é uma causa frequente, afetando a qualidade dos espermatozoides.

P: A ansiedade é  uma das vilãs da  vida de quem  passa por processos de fertilizaçao?


R: Sem dúvida.   É preciso  lidar com o  diagnóstico, frustrações, gastos  para tratamento e escolhas, por isso a ansiedade é inevitável e exige  atendimento  personalizado e humanizado.  Para que o processo seja mais leve, a  paciente  deve  contar com uma rede de  apoio emocional.

 

P: Existe esperança para todas as mulheres inférteis?

R:
Jamais devemos perder a esperança. Embora nem todas as causas de infertilidade tenham solução definitiva, os avanços na medicina reprodutiva oferecem diversas opções de tratamento. Técnicas como a Fertilização in Vitro (FIV) e a Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoides (ICSI) têm possibilitado a gravidez em muitos casos antes considerados desafiadores. Além disso, o congelamento de óvulos tem se mostrado uma alternativa eficaz para preservar a fertilidade feminina.

P: Quais  os últimos avanços científicos e tecnológicos na área de reprodução humana?

R: Recentemente, a medicina reprodutiva tem incorporado técnicas avançadas, como:
Teste Genético Pré-implantacional (PGT): permite a análise genética dos embriões antes da transferência para o útero, aumentando as chances de uma gestação saudável.
Vitrificação de óvulos e embriões: essa técnica de congelamento ultrarrápido melhora a taxa de sobrevivência dos óvulos e embriões após o descongelamento.
Uso de inteligência artificial: aplicada na seleção de embriões, auxiliando na identificação daqueles com maior potencial de implantação.








P: Explique as diferenças entre as técnicas de reprodução assistida: FIV e inseminação artificial.

R: Fertilização in Vitro (FIV):
consiste na coleta de óvulos e espermatozoides para fertilização em laboratório. Após a formação dos embriões, estes são transferidos para o útero da mulher. É indicada em casos de obstrução tubária, endometriose severa ou fator masculino grave.

Inseminação Artificial (IA): também conhecida como inseminação intrauterina, envolve a introdução de espermatozoides previamente selecionados diretamente no útero durante o período ovulatório.  É recomendada para casos de infertilidade sem causa aparente, disfunções ovulatórias leves ou fator masculino moderado.

P: O suporte psicológico é importante para a   tentante ?

 

R: A maturidade emocional pode ser uma vantagem, mas é importante estar ciente das demandas físicas e dos desafios que podem surgir durante a gestação tardia, como o aumento do cansaço, dores articulares e a necessidade de um pré-natal mais rigoroso. O suporte psicológico é tão importante quanto o acompanhamento médico.

 

P: Os aspectos emocionais e psicológicos influenciam os tratamentos?

R: A infertilidade pode desencadear sentimentos de inadequação, estresse e ansiedade. Essas emoções podem afetar negativamente a qualidade de vida e, potencialmente, os resultados dos tratamentos. O suporte psicológico é fundamental para auxiliar os casais a lidarem com as pressões emocionais durante o processo de reprodução assistida.

P: Por que é aconselhável o planejamento da gravidez?

 

R: Planejar a gravidez com antecedência, realizando exames para avaliar a saúde reprodutiva e o bem-estar geral, ajuda a reduzir riscos e proporciona mais segurança tanto para a mãe quanto para o bebê.



 

dr. Vamberto Maia Filho




P: Existe tratamento para melhorar a qualidade e quantidade dos óvulos?

R: Embora não seja possível aumentar a quantidade de óvulos, algumas intervenções podem melhorar sua qualidade:
Suplementação com antioxidantes: pode reduzir o estresse oxidativo nos ovários.
Estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos e cessação do tabagismo contribuem para a saúde ovariana.
Congelamento de óvulos: realizado em idade mais jovem, preserva a qualidade dos óvulos para uso futuro.


P: O congelamento dos óvulos garante uma gestação?

 

R: Apesar de não garantir uma gravidez,  esse procedimento minimiza o efeito do tempo e,  numa fase   futura, aumenta  as chances de engravidar. Essa também pode ser uma alternativa para quem deseja postergar a maternidade com mais segurança.

 

P: Considera a gestação gemelar mais passível de complicações?

R: Gestações gemelares estão associadas a um aumento no risco de complicações, como parto prematuro, baixo peso ao nascer e pré-eclâmpsia. Por isso, é fundamental um acompanhamento pré-natal rigoroso para monitorar e minimizar possíveis riscos.

P: Tem ideia de quantos partos já ajudou a concretizar?

R: Ao longo  de minha vida somo mais de 25 anos delicados à obstetrícia. Considerando o que também  realizei durante a minha formação na faculdade certamente contabilizo mais de 3.500 partos realizados, sempre com muita dedicação e carinho. 


 

fotos: divulgação.



P: Por que lançou um livro compartilhando histórias de pacientes. Conte a que mais o emocionou.

R:
No meu  livro “Filhos historias inspiradoras” selecionei  relatos motivadores  de superação e vitória  de alguns dos mais de 1.400 bebês que ajudei a se tornarem luz na vida das famílias.  Entre tantos casos,  destaco a experiência  de Eveline, que se casou em 2006, engravidou espontâneo e  essa sua primeira filha  faleceu por um grave problema cerebral. Depois disso foram 5 coletas de óvulos, 8 FIvs sem sucesso. Em sua última FIV teve apenas um embrião normal, uma única chance, e deu certo.  “Davi havia me escolhido para ser sua mãe. De mãe arco-íris a sonho materializado”,  confidencia  essa paciente.

 

P: Seu conselho é insistir quantas vezes?

R: Não há fórmula mágica para essa jornada. Ela pode ser uma corrida de 100 metros rasos ou uma maratona. É importante ser paciente e não desistir do sonho. Considero  imprescindíveis  uma rede de apoio próxima e de suporte; resiliência para superar todos os momentos duros do tratamento;  confiança no processo e sempre muita fé que vai dar certo. Quem planta alegria não colhe tempestade. Só esperar que o sol vai brilhar!

 



 








 

 

 

 

 

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Sobre Deise Sabbag

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.

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