Antigamente confecção de
roupas era um processo meticuloso e manual, onde cada peça era única e refletia
a habilidade e o tempo dedicado pelo artesão. Com a Revolução Industrial, no século XVIII, o
setor têxtil passou por uma transformação radical marcada pela invenção de
máquinas, como a de costura e o tear mecânico.
A automatização de grande
parte da fabricação de peças abriu caminho para a produção em massa e para o
desenvolvimento da indústria que utiliza processos altamente tecnológicos e
diversificados. Mas em meio a sistemas cada vez mais avançados e sustentáveis,
uma questão se sobressai: a profissão de
costureira tem futuro ?
A resposta é sim, segundo
Gizele Cunha, coordenadora de Gestão do Conhecimento da Audaces, multinacional
ítalo-brasileira que é referência
mundial em soluções para a indústria da moda. Hoje, a companhia fornece tecnologia para cerca de 60 mil profissionais em mais de 70 países, especialmente
com o Audaces360, plataforma integrada que cobre todas as etapas da produção de
moda, desde a criação até a fabricação.
Menor esforço manual
Para a especialista, a tecnologia permite que esses profissionais agilizem a tomada de decisões e os negócios de suas confecções, já que sobra tempo para focar em atividades que exigem menos esforço
manual, como a ideação e a criatividade
das roupas..
Hardwares e softwares
tornam-se aliados para acelerar a modelagem e produção, reduzir o desperdício
de tecidos, através de cortes precisos e
ajustes automatizados, entre outras funcionalidades
Segundo dados recentes, o
Brasil possui cerca de 1,5 milhão de trabalhadores no setor têxtil e de
confecções, que incluem costureiros, técnicos e outros envolvidos na produção
de vestuário. Tais profissionais estão concentrados em cerca de 25 mil empresas da área, desde pequenos ateliês e microempresas até
grandes fábricas com produção em larga escala.
Avanço
da Tecnologia
O segmento está consolidado no país, e há espaço
tanto para os profissionais que fazem roupas “à moda antiga” ou com máquinas de
costura mais simples quanto para aqueles que estão operacionalizando
tecnologias mais avançadas.
“A Audaces vê a tecnologia como uma ferramenta de empoderamento para os
profissionais de confecção, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para
se destacarem e inovarem. Ao contrário de ameaçar os postos de trabalho, ela cria
oportunidades para o crescimento pessoal
e profissional.
A empresa acredita que o
futuro do setor está na combinação das habilidades humanas com as capacidades
tecnológicas, resultando em uma indústria de confecção mais eficiente, criativa
e sustentável”, defende Gizele.
O
Antes e o Depois
Os impactos da tecnologia no
trabalho de um profissional de costura
podem ser medidos por exemplos simples, como a confecção de uma camisa de botão
ou mesmo um vestido bordado. Nas décadas passadas, a produção de uma peça com essas
características exigia muito tempo e habilidade. Enquanto uma camisa de botão
poderia levar dias para ser feita, no caso do vestido, dependendo da complexidade do bordado, esse
processo poderia levar semanas ou até meses.
Os recursos disponíveis
também eram restritos às máquinas de costura mecânicas, fitas métricas e
réguas, tesouras, teares manuais e agulhas e dedais. Dificuldades de produção mais comuns, como a precisão do corte e costura, feitos
manualmente, exigiam muita habilidade para garantir que as peças se encaixassem
perfeitamente.
“Outro desafio era o cálculo
de padronização, todo feito à mão, no qual costureiras e alfaiates usavam
medidas corporais específicas e desenhavam padrões em papel ou diretamente no
tecido, ajustando conforme necessário. Fora isso, os bordados também demandavam
um trabalho complexo, que exigia paciência e atenção aos detalhes”, explica a
coordenadora da Audaces.
A especialista lembra que, com a automatização, uma camisa de botão pode ser produzida em questão de horas. “Já um vestido bordado pode ser desenvolvido por meio de máquinas de bordar computadorizadas em um ou dois dias, conforme a complexidade do design. Os cortes também podem ser feitos a laser e, ainda em fase experimental, as impressoras 3D de tecidos prometem criar peças inteiras, personalizadas e com desperdício mínimo.
Tecnologia
X Habilidade
A Audaces defende que a tecnologia não substitui o profissional, mas potencializa suas capacidades. É importante que costureiros (as) se capacitem (com treinamentos e atualização técnica contínua), mantendo-se alinhados com as últimas tendências e inovações tecnológicas.
Essa integração também promove uma valorização desses trabalhadores, por meio da qualificação e especialização nas soluções disponíveis no mercado e da capacidade de interpretar os dados gerados por meio das linhas de produção automáticas. Outro ganho significativo está relacionado à produtividade, já que as ferramentas que automatizam tarefas repetitivas possibilitam que os profissionais produzam mais e melhor.
“A resistência à adoção de soluções tecnológicas na indústria de confecção é multifacetada, envolvendo questões de familiaridade, custo, cultura organizacional e percepção de ameaça ao emprego. Superar essas barreiras requer uma abordagem integrada, incluindo treinamento, demonstração clara de benefícios, suporte contínuo e incentivos financeiros. Com essas medidas, é possível facilitar a transição para um ambiente de trabalho mais moderno e eficiente”, argumenta Gizele.
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