Menino curioso, filho de modista,
Orlando Chiquetto cresceu assimilando as diretrizes da moda no elegante ateliê materno. Encarregado das
compras de aviamentos para a mãe e,
paralelamente, fazendo diversos cursos
técnicos, apurou a tarimba e o bom gosto
de figurinista.
Ele recorda que, ainda na adolescência, atendeu a um chamado pessoal e cursou Artes Plásticas e Comunicação Visual na FAAP.Encostou
esse sonho. Nos anos 70, fazendo compras
de tecidos para viabilizar os croquis
que criara para o espetáculo de balé de Mozart Xavier, no Teatro Municipal de São Paulo, veio o convite para ser figurinista da loja de têxteis.
Durante alguns anos, ele
mergulhou de cabeça nesta experiência,
iniciada na Ladeira Porto Geral e concluída na sofisticada Rua Augusta, ambas em São Paulo, até ser convidado para ser o
estilista exclusivo da maison Anna Frida, onde expandiu sua experiência em vestidos de noivas e festas. Nos intervalos, ainda assinou coleções para as Indústrias Têxteis Matarazzo.
“Quando criava novas estampas, pensava
na oportunidade de aplicar esses desenhos
para a arte”, conta o dublê de figurinista/artista plástico.
E nasce um estilista...
dia a dia da moda |
Graças aos conhecimentos
práticos reunidos, Chiquetto foi
contratado por confecções para criar e
desenvolver diferentes linhas, desde a lingerie
até o jeans. Estimulado por colegas da Universidade, que encomendavam vestidos de festas e casamentos,
abriu seu primeiro ateliê de roupa sob medida. Não demorou para se consagrar na alta-costura brasileira, passando a vestir personalidades
do mundo artístico, social e político,
incluindo algumas primeiras-damas.
Sem capital de terceiros, o estilista administrou, com recursos oriundos do próprio trabalho, a continuidade da carreira bem sucedida. No início dos anos 80 aconteceram os primeiros
desfiles solos. Ele recorda que seu primeiro desfile internacional aconteceu nos anos 90, a convite
da Smart Production dos Estados Unidos, evento registrado em peso pela mídia americana. Em seguida, apresentou criações de alta-costura
em Miami e Nova York e em concorrido desfile no Hotel Plaza Athénée, de Paris. Ainda em terras francesas, fotografou sua última coleção de moda, que contou com a participação de famosas tops internacionais.
arte&moda, iate clube de santos |
No recente evento “Arte & Moda, que
abriu a exposição da Academia Latino Americana, presidida por Fabio Porchat,
Chiquetto mostrou que, vez por outra, pode conciliar a dualidade do seu talento.
A obra “Emoções” (em abstrato action painting) foi exposta ao lado da roupa inspirada nela.
Arte
corre nas veias
entrevistado por Hebe Camargo |
De repente, bateu saudades das atividades artísticas interrompidas na juventude, e veio o desejo forte de dedicar-se à arte. Como artista plástico e escultor (que não usa recursos digitais, como faz questão de frisar) colheu incontáveis troféus, diplomas, medalhas e prêmios, como o do Museu Nacional de Belas Artes, do Rio. Em 2010, por exemplo, foi agraciado com a medalha de ouro da “Academia de Artes Ciências e Letras de Paris”. Pouco tempo depois, algumas de suas criações foram expostas no Carroussel du Louvre, em Paris..
obra temática-marinha brasileira |
A partir daí, passou
a ser convidado para criar símbolos
de eventos comemorativos. Chiquetto assinou o quadro temático que fez parte da exposição comemorativa dos 200 anos da Marinha Brasileira. A tela destaca o logotipo desse ramo das Forças Armadas, mostra nossa costa marinha e o mapa do país, com grande fragmento da bandeira brasileira em seu interior.
tela que virou selo chinês |
O artista também recebeu a incumbência de criar uma tela
alusiva aos 120 anos da imigração chinesa
no Brasil, obra que foi imortalizada em selo
do Correio chinês e está exposta em museu
da província de Guangdong, antiga Cantão.
Outro trabalho temático foi a interpretação diferenciada que fez, em 2020, para o Outubro Rosa, sob encomenda da OBME – Organização Brasileira
de Mulheres Empresárias. A idéia: de um fundo em cores outonais, surge uma envolvente silhueta feminina em cor de rosa, evidenciando
o seio.
outubro rosa - 2020 |
Hoje, obras de Chiquetto
estão em mãos de colecionadores nacionais e de vários países mundo afora. Um ponto importante é que algumas de suas criações incluem detalhes produzidos por integrantes de
projetos de inclusão social e geração de renda em prol de grupos fragilizados,
nos quais ele atua como voluntário.
“Sempre fui discreto na divulgação de minhas atividades artísticas. Como artesão,
procuro agradar, oferecendo propostas inovadoras e usáveis e, na medida do possível, conciliando o útil
e o encanto; os sonhos e a realidade”,
resume.
Adepto da filosofia de “o
que não se cria, não existe”, o multiartista sente-se realizado. “Procuro desenvolver
minhas formas de expressão com toda
sensibilidade. Entendo a
responsabilidade: minhas propostas e
criações beneficiam pessoas, gerando
empregos e movimentando a economia. Trabalho com foco: quero
deixar um legado importante para
a arte nacional”, confidencia.
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