Nos últimos anos, o tema da Felicidade vem ganhando visibilidade e espaço também no âmbito corporativo. Cada vez mais empresas trabalham esse assunto
através de programas de ações, visando promover o bem-estar, a
saúde mental, a integração e a confraternização dos colegas no ambiente organizacional.
Confira, abaixo, artigo
assinado por Paola Klee, Diretora de Pessoas e Cultura da GT7, e elaborado pela
Top Voice do Linkedin.
“O tema da Felicidade tem sido objeto de
estudo global já há muito tempo, mas nos últimos anos ganhou visibilidade e
grande impacto no âmbito corporativo. Hoje vemos cada vez mais empresas
trabalhando o tema de Felicidade no Trabalho por meio de programas repletos de
ações, geralmente com o objetivo de promover o bem-estar, a saúde mental, a
integração e a confraternização das pessoas no ambiente organizacional.
Embora todos os temas sejam
de extrema importância para os ambientes corporativos, para trabalhá-los de
modo efetivo, é necessário compreender que felicidade, bem-estar e saúde mental
são dimensões diferentes que compõem a sustentabilidade humana, que por sua vez
integram a sustentabilidade social, que faz parte dos critérios do ESG -
Environmental, Social and Governance.
Em outras palavras, tais programas e ações,
que visam criar condições pontuais — e por vezes com efeito passageiro —, podem não trazer impacto real no aumento da
felicidade dos colaboradores, com aumento da saúde, bem-estar, retenção e
engajamento, como é possível observar nos recentes movimentos de profissionais
no mercado, os quais surgem como ondas com forte impacto sobre as empresas.
Demissão Voluntária
Entre esses movimentos, ganhou destaque
recente: a “great resignation” ou a grande renúncia, quando profissionais
solicitaram demissão dos seus empregos; o “quiet quitting” ou demissão
silenciosa, quando profissionais permanecem nas empresas, mas realizando apenas
o estritamente necessário em uma tentativa de estabelecer limite e equilíbrio
entre vida pessoal e profissional; e o “grumpy staying” que ocorre quando o colaborador permanece em
seu emprego, mas não esconde sua insatisfação, irritabilidade, resistência a
mudanças e falta de engajamento, ocasionando redução da produtividade e da
moral do time, além do aumento de conflitos e tensão.
Em 2022, tais ondas refletiram na demissão
voluntária de mais de 6 milhões de brasileiros, conforme revelam dados do
Ministério do Trabalho. Frente a esta apuração, ganha ainda mais relevância o
tema da Felicidade no Trabalho no panorama nacional, mas para alcançá-la é
preciso olhar menos para fora e olhar mais para dentro. Ao invés de buscar
referências externas, procurar refletir e alinhar com os funcionários quais ações
fazem sentido, a partir da realidade das pessoas.
Significado da Felicidade
Para que isso ocorra, o primeiro passo é compreender qual significado de Felicidade faz sentido para a cultura e para a maturidade de cada empresa sob a ótica dos colaboradores que a integram. A partir daí, buscar simetria entre as inúmeras escalas de medição da Felicidade e a dimensão que se quer mensurar, considerando esse processo como evolutivo, adaptativo, plural e contínuo.
Dessa forma, precisamos olhar também para as
externalidades negativas e eliminá-las. De nada adianta termos ações de
promoção da felicidade se, nesse mesmo
ambiente, existem fatores de sofrimento diários sendo negligenciados, em
especial aqueles relacionados aos aspectos culturais, ao estilo de liderança da
organização e à sua capacidade de construir segurança psicológica.
Uma forma de trabalharmos na mitigação desses fatores é conhecer e analisar alguns indicadores importantes, entre eles: dados sobre a saúde das pessoas da organização, se estão adoecendo quais são os motivos para isso; a causa raiz de um turnover voluntário; os resultados da pesquisa de clima, com o estabelecimento de planos de ação claros, bem comunicados e elaborados, com a participação das pessoas, considerando suas particularidades e singularidades. É necessário também olhar para um aspecto importante, que é o da baixa eficiência operacional, gerando aumento da carga de trabalho, ou ainda a inadequação das habilidades dos times em relação à demanda existente, gerando estresse e conflitos.
Conceito Singular
É importante também compreender que as
empresas não fazem ninguém feliz, mas sim criam e zelam pelas condições de
felicidade, além de mitigar fatores estressores capazes de gerar sofrimento. A
partir daí é necessário que o indivíduo possa deliberar e se comprometer com a
sua própria felicidade, pois essa é uma decisão individual, ou seja, acima de
tudo, é preciso entender que a
felicidade é um conceito singular e não coletivo.
Além do aspecto da singularidade é fundamental
que possamos trazer uma nova lente para o tema. Falamos muito ainda da
Felicidade No Trabalho, mas o local do trabalho, hoje, já está diluído, quando
consideramos os modelos híbrido e remoto e o conceito de “work anywhere” —
trabalho em qualquer lugar —, reforçando
a necessidade de não compartimentalizarmos mais a Felicidade.
Felicidade Corporativa
Há urgência em começarmos a
falar da Felicidade de Quem Trabalha, porque somos únicos e estamos buscando a
felicidade não apenas durante o momento em que trabalhamos, mas em todos os
aspectos da nossa vida. Assim, precisamos ir além dos muros organizacionais e ,
através de um olhar integral e
sistêmico, considerar todas as dimensões do indivíduo, se quisermos de fato termos pessoas felizes
trabalhando. Considerar a integralidade dos indivíduos que estão atuando em
nossa empresa e considerar, por exemplo,
como está o uso do seu tempo, a
qualidade do seu sono, são aspectos que compõem esse olhar.
Dessa forma entendo que o tema Felicidade deve
ser mais do que um programa da empresa com início, meio e fim; mas sim ser
tratado como um caminho singular, contínuo e evolutivo, no qual, ao tomarmos a
decisão de iniciarmos em conjunto com as nossas Pessoas, devemos ser
responsáveis em não interrompê-lo, para que não haja ônus para o indivíduo e,
consequentemente, para a organização.
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