O coletivo Sartasiñani (que em
aymara significa “levante-se!”), formado por um grupo de costureiras bolivianas,
acaba de lançar sua primeira coleção de roupas, na FAAP.
A confecção tem como base a
cultura e as referências étnicas das integrantes. Tanto a modelagem, quanto as
cores e estampas são inspiradas na
cultura ancestral andina.
A iniciativa visa a união de forças para enfrentar as condições precárias de trabalho e de renda,
dentro do conceito de negócio de impacto social.
União de Imigrantes
As costureira, que deixaram a Bolívia em épocas diferentes, estão radicadas no bairro da Casa Verde Alta, em São Paulo. Além
do país de origem, compartilhavam outras conexões: a falta de familiaridade com
o idioma, a informalidade no trabalho (o que impedia o acesso às leis
trabalhistas), a necessidade de cumprirem longas jornadas e a baixa remuneração.
O projeto motivou o apoio de diversas
instituições que fazem parte do Colabora Moda Sustentável. O Instituto Ecoar
para a Cidadania foi a entidade âncora que viabilizou repasses financeiros,
cuidou da administração e introduziu no projeto a dimensão da economia
circular. O Instituto C&A disponibilizou recursos para capacitação das
costureiras. A seção brasileira da Alampyme - Associação Latino-americana de
Micro, Pequena e Média Empresa - incorporou-se ativamente e seu presidente,
Sergio Miletto, passou a integrar, ao lado da Nancy Guarachi, ativa integrante
do Sartasiñani, a coordenação do projeto.
Coleção agênero
Como ilustra Sergio Miletto,
“trabalhamos no modo aranha, que vive do que tece”. Já Nancy Guarachi destaca
que “as roupas do coletivo apresentam um grande diferencial: têm história. Em todas as etapas, o processo
de criação foi conjunto e participativo. Tendo a grande maioria de participantes
no projeto, uma das preocupações era evitar a postura paternalista. A última
palavra sobre os conceitos, as criações e os caminhos a serem percorridos
sempre é das costureiras”, enfoca a coordenadora.
Fotos: Ludmila Lower. |
As modelagens da coleção permitem que tanto mulheres quanto homens possam vestir qualquer peça. As estampas carregam o
colorido característico dos povos andinos. Em cada etapa da confecção, desde a
escolha dos fornecedores ao acabamento das peças, a busca é pelo padrão de qualidade.
Todo o processo de implantação do coletivo e
desenvolvimento da coleção está sendo documentado, já que um dos objetivos desse projeto-piloto é sua
reaplicação em outros territórios e segmentos. Afinal, esse coletivo mostra que
é possível conquistar melhores condições
de trabalho e de renda. Essa ação conjunta e planejada possibilita que o lucro seja dividido entre quem trabalha,
excluindo a figura do intermediário, que muitas vezes retém a maior parte dos
ganhos. Mais informações:
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