Numa manhã ensolarada, o
nordestino Souto Maior chegou confiante na redação do semanário Shopping News. Pressentia que era acertada sua coragem de deixar as calorosas terras pernambucanas para tentar a
sorte no oásis financeiro de São
Paulo.
Passaram-se décadas de contato
com costura: agulhas, linhas e clientes fiéis. Paralelamente, como eterno amante da arte,
passou a investir em peças e quadros artísticos. Sua casa virou uma galeria. Esta semana, o
costureiro comemorou com amigos o início da primavera e os feitos alcançados.
E revelou que, com o intuito de
preservar o rico acervo de arte que possui, a
residência do Embu vai virar a Fundação Souto Maior.
Na moda
Ao longo de sua carreira,
Souto Maior criou alta-costura correta e refinada, sempre recorrendo a cores e detalhes inspirados em suas raízes e na sua eterna joie de vivre. Vestiu importantes atrizes e celebridades brasileiras. Divulgou as diretrizes do bom gosto com apresentações memoráveis. Firmou amizades fortes, algumas saudosas, como a da atriz Nicete Bruno, que nos deixou em 2020.
Com seus desfiles, teve a oportunidade de inaugurar boates famosas e inesquecíveis como o Gallery e Regines, onde as noites eram sempre festas. Aliás, no Regines ele teve uma passagem memorável, e foi bastante aplaudido, quando interpretou o pintor francês Toulouse Lautrec (que media 1,42m e tinha dificuldade de locomoção). Sem se preocupar com o desconforto e a dor, Souto se arrastou de joelhos por toda noite.
Na arte
Outra mudança importante em sua trajetória ocorreu quando deixou São Paulo e passou a viver no município de Embu. “Nessa decisão, pesou sobretudo a busca por melhor qualidade de vida. Aqui, após o longo namoro com a moda, passei a cultivar uma segunda paixão: as artes em geral, colecionando raras e bem selecionadas pinturas e esculturas”, conta ele.
Com as coleções crescendo, sua
casa virou o Espaço Cultural Souto
Maior, hoje reconhecido pelas
autoridades embuenses como patrimônio municipal. Lá estão expostos seu precioso acervo de telas, esculturas, santos,
anjos, artesanato nordestino.
Nesse casarão quase bucólico, ele vive cercado pela natureza e pela beleza dos desenhos, pinturas e coloridos artísticos que acumulou. Há espaço também para itens valiosos, como as telas de Anita Malfatti, precursora do modernismo brasileiro.
Para se ter uma ideia, até os tetos da casa
são revestidos de obras de arte.
Nessa moldura estética e colorida, o
costureiro costuma promover almoços enchapelados. Para isso, conta com a colaboração da amiga de longa data, a chapeleira Sabrina Grebinski, que leva lindos chapéus para colocar na cabeça de todas as convidadas. Conclusão: esses encontros viram uma verdadeira ode à
elegância!
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