Fazem falta no
cenário brasileiro figuras de gosto refinado e espírito inovador como Anna
Frida. Sem dúvida, ela foi um nome respeitado no fechado circuito da
alta-costura brasileira, e deixou saudades. Romena natural de Bucarest, desembarcou no
Brasil, nos anos 40, em companhia da
família fugitiva da guerra. Logo se adaptou ao país e, como num conto de
fadas, conheceu Endressy Iva, barão húngaro, com quem se casou, tornando-se
baronesa. A vida seguiu feliz, com pausas para viagens pelo mundo, o que a ajudou no traquejo de nada menos que oito línguas, inclusive a do marido. Apesar de possuir um título de nobreza, defendia que a elegância tem como base certa simplicidade na produção do look.
Numa estadia de um ano e meio em Paris, ela fez curso de
jornalismo de moda, estagiou na revista Elle
francesa e conheceu de perto os grandes nomes da moda internacional. De
volta ao Brasil, recebeu convite de Victor Civita, da Editora Abril, para assumir a editoria de moda da revista
Manequim. Graças ao bom desempenho, passou também pelas redações da Cláudia,
Capricho e por todas as publicações femininas do grupo. Foram seis anos em que
a baronesa viajou muito por nossos estados e aprendeu a conhecer a fundo a moda
brasileira. Essa experiência também a conduziu para a revista “O Cruzeiro”,
Rádio Jovem Pan e para as TVs Bandeirantes e Cultura.
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foto: Margareth Abussamra
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No entanto, a
trajetória de Frida não se resumiria apenas a
escrever e comentar a moda. Por
influência do costureiro Dener, seu amigo e incentivador, ela decidiu partir
para criações próprias na área. Nos anos 60, abriu
uma pequena oficina de grinaldas e chapéus, na Alameda Tietê, nos Jardins, São
Paulo, onde criava modelos e – sempre perfeccionista
- supervisionava de perto todo o processo de confecção.
Dos complementos
ao vestuário foi um pulo. Já na criação de moda, ela priorizou o segmento de
noivas. O requinte começava na escolha de materiais nobres (rendas e tafetá marfim eram suas grande paixões)
e seguia na escolha de detalhes preciosos e diferenciados. Os vestidos bridais que assinou marcaram época, seguindo estilo bem
feminino e romântico, com véus longos e buquês arredondados. Com o sucesso e o aumento de demanda, Frida transferiu seu
ateliê para um charmoso sobrado, na
Alameda Tietê, também nos Jardins, São Paulo, onde atendeu a high society brasileira.
Em entrevista ao Todamoda, nos anos 80, ela revelou que a
profissão só lhe proporcionou alegrias. “Apesar
da falta de apoio ao estilista brasileiro, acredito que o país conta com muitos
profissionais que reúnem talento e técnica”,
disse. Indagada sobre a nossa moda, marcada
pelo vício do copismo, ela lembrou que a brasileira sabia sim valorizar uma roupa. “Mesmo
copiando o quem vem de fora, ela não peca por exageros, criando visuais com
gostinho tropical”, analisou.
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.
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