Considerando a frase de
Oscar Wilde, - “a moda faz o que é
fantástico se transformar, por um
momento, no que é universal”- José Nunes bem poderia ter feito sucesso em vários cantos do mundo. Suas criações sob medida eram de um rigor
absoluto, sem tempo e sem conotação regional. Mas, sempre discreto e avesso a “aparecer” sem justa causa, sua glória fugaz ficou restrita aos limites
brasileiros.
Verdade: a história de alguns
estilistas da velha guarda, como Fernando José e José Nunes, tiveram o apoio da Rhodia, que organizou
grandes desfiles. Em 1969, ele fez parte
do evento “Quatro Grandes Nomes da Moda Brasileira”.
Mas, infelizmente,
com o passar do tempo, nomes importantes
de nossa história foram desaparecendo como palavras ao vento. Por
isso, peço licença para lembrar que, dos
anos 50 aos 80, o nosso Zé Nunes dominou, com sua técnica invejavel e incrível habilidade
em manipular materiais luxuosos, o reino dos artesãos de
luxo de nosso país. Conquistou o gosto da alta sociedade nas décadas em que o garbo e a correção eram ingrediente
priomordiais na criação da moda.
Ele faz parte da dita primeira geração da alta-costura brasileira,
que, munida com armas de agulhas e linhas, enfrentou a concorrência das grifes da
haute-couture internacional. Como era dono de estilo e corte impecáveis, e como jamais abriu mão de um
acabamento esplendoroso, onde o avesso
era tão perfeito quanto o direito do traje, José Nunes era chamado de “Balmain brasileiro”.
Acompanhando a ideia do
sociologo francês Pierre Bourdieu, ele entendeu que, especialmente entre as classes mais
abastadas, a moda deveria funcionar como um sinal distintivo/ de distinção, exteriorizando a vontade de distinguir-se pelo bom senso, discreção e
elegância. Tempos outros ... que deixam doídas saudades em nossos corações!
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