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Modos e Modas é o blog da Jornalista Deise Sabbag. Inspirado nas tendências com possibilidade de alcançar as ruas e focado nas tendências adequadas ao biotipo brasileiro. Deise é autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma”, e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”, glossário reunindo os principais verbetes do setor.
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Voz de Mulher Negra é (Bem) Representada em Musical

Written By Deise Sabbag on quinta-feira, 24 de outubro de 2019 | outubro 24, 2019





Quase 70 anos de carreira.  Eleita pela BBC de Londres como “a melhor cantora do milênio”. Teve uma infância pobre, casou-se aos 13 anos e perdeu  dois filhos que gerou na adolescência.  Ainda assim, graças ao potencial da voz, essa guerreira galgou um sucesso longo e ininterrupto.  Falamos, é claro,  de Elza Soares, que ganha o espetácuo Elza,  o  Musical  para homenageá-la. 

Nem todos os fatos de seu cotidiano   são contados e  a estrutura da peça foge do formato convencional das biografias musicais. Se os personagens podem ser vividos por várias atrizes ao mesmo tempo, o texto também não segue uma linha cronológica. Músicas recentes (A Mulher do Fim do Mundo, a emblemática A Carne e Maria da Vila Matilde) se embaralham aos sucessos das mais de seis décadas de carreira da cantora, como Se Acaso Você ChegasseLamaMalandroLata D’Água e Cadeira Vazia.

Marcada por uma série de tragédias pessoais – a morte dos filhos e de Garrincha, a violência doméstica e a intolerância –, a jornada da cantora  é contada com animação. “A Elza me disse: ‘sou muito alegre, viva, debochada. Não vai me fazer um musical triste, tem que ter felicidade’. Achei importante fazer o espetáculo a partir deste encontro, que me deu base para saber como a cantora  gostaria de ser retratada”, conta Vinicius Calderoni, que leu e assistiu a infindáveis entrevistas de Elza e também pesquisou a obra de pensadoras negras, como Angela Davis e Conceição Evaristo, cujos fragmentos de textos aparecem na peça.



O espetáculo foi desenvolvido ao longo de um período em que Elza se encontra no auge de uma carreira marcada por reviravoltas e renascimentos. Ao lançar seus últimos dois discos, A Mulher do Fim do Mundo (2015) e Deus é Mulher (2018), a cantora não somente ampliou  seu repertório e sua base de fãs, como conquistou, mais uma vez, a crítica internacional, e se consolidou como uma das principais vozes da mulher negra brasileira.

Larissa Luz, convidada para a montagem, e mais  seis atrizes (JanamôJulia TizumbaKésia EstácioKhrystalLaís Lacorte e Verônica Bonfim)  sobem ao palco para celebrar o trabalho. Foram nove indicações ao Prêmio Bibi Ferreira, vencendo em quatro categorias: Melhor Musical Brasileiro, Melhor atriz em Musicais (Larissa Luz), Melhor Direção em Musicais (Duda Maia), Melhor Arranjo Original em musicais (Letieres Leite) e Melhor Roteiro Original em Musicais (Vinicius Calderoni), o recém-conquistado Prêmio Shell de Melhor Música, os dois prêmios Cesgranrio (Melhor Direção - Duda Maia e Categoria Especial pelo Elenco), quatro troféus do Prêmio Reverência (Melhor Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Autor e Categoria Especial) e o Prêmio da APCA de Melhor Dramaturgia.

Em cena, as atrizes se dividem ao viver Elza Soares em suas mais diversas fases e interpretam outros personagens, como os familiares e amigos da cantora, além de personalidades marcantes, como Ary Barroso (1903-1964), apresentador do programa onde ela se apresentou pela primeira vez, e Garrincha (1933-1983), com quem ela manteve  um longo relacionamento.

Com texto inédito de Vinícius Calderoni e direção de Duda Maia, o espetáculo tem a direção musical de Pedro LuísLarissa Luz e Antônia Adnet. O maestro Letieres Leite, da Orquestra Rumpilezz, foi o responsável pelos novos arranjos para clássicos do repertório da cantora, tais como LamaO Meu GuriA Carne e Se Acaso Você Chegasse. O projeto foi idealizado por Andréa Alves, da Sarau Agência.

Fotos: Karen Eppinghaus/Leo Aversa


Vinícius Calderoni, autor do texto, chama a atenção para a coletividade presente em todo o processo de criação da montagem. Após ter escrito as primeiras páginas, ele começou a frequentar os ensaios e estabeleceu um rico intercâmbio com Duda Maia e as sete atrizes. “Hoje poderia dizer que elas são coautoras e colaboradoras do texto. São sete atrizes negras e múltiplas, como a Elza é. Diante da responsabilidade enorme, estabeleci limites de fala para mim, por exemplo, em relação a alguns temas. Limitei a minha voz e disse que não escreveria nada, queria os relatos delas e as opiniões. Pedi a colaboração delas, das experiências vividas por mulheres negras”, conta o dramaturgo.

Tal processo colaborativo se estendeu para a música, com a participação ativa das atrizes e das musicistas nos ensaios com os diretores musicais, e o maestro Letieres Leite, que liderou algumas oficinas com o grupo no período dos ensaios. O processo gerou ainda duas canções inéditas que estão na peça: Ogum, de Pedro Luís, e Rap da Vila Vintém, de Larissa Luz. Se a escolha de Pedro Luís para a função foi referendada pela própria Elza – que gravou e escolheu um verso do compositor para nomear seu último disco –, Larissa Luz já estava envolvida com o projeto desde o seu embrião.


Ficha Técnica:

Elenco: Janamô, Julia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacôrte, Verônica Bonfim e a atriz convidada Larissa Luz. *Substituta de Larissa Luz: Ágata Matos. Direção: Duda Maia. Texto: Vinícius Calderoni. Direção Musical: Pedro Luís, Larissa Luz e Antônia Adnet. Arranjos: Letieres Leite. Idealização e direção de Produção: Andréa Alves.

ELZA, MUSICAL

De 8 de novembro a 15 de dezembro - Sexta e sábado, às 20h e domingo, às 19h.
Ingressos: R$ 80,00 plateia / R$ 60,00 balcão e frisas.
Classificação: 14 anos.
Duração: 150 minutos.
Obs: Dias 23 e 24 de novembro não haverá espetáculo.
Sessão extra dia 19 de novembro, às 20h.
Nos dias 19, 22 e 30 de novembro, a atriz Larissa Luz será substituída pela atriz Ágata Matos.

TEATRO PORTO SEGURO
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Tel. (11) 3226.7300.

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Sobre Deise Sabbag

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.

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