Um belo
programa familiar é visitar a Mostra
Sustentável 2019. Além de priorizar a
sustentabilidade, seus mais de 40
espaços valorizam a inclusão e a
diversidade. As ideias, muitas delas preciosas e girando em torno do
reaproveitamento de materiais, podem ser
disseminadas e copiadas pelo público. O evento acontece do dia 4 de setembro a 13 de
outubro, de quarta a domingo, na Fundação Síndrome de Down, em Campinas.
Nas edições anteriores foram revitalizados os espaços do Lar dos Velhinhos e do Centro de Saúde Mental Dr. Cândido Ferreira. Nessa terceira edição, foi restaurada a sede da Fundação Síndrome de Down (FSD) para oferecer mais conforto aos assistidos.
O trabalho dos arquitetos, designers de interiores, artistas plásticos, paisagistas e engenheiros desta edição foi além de texturas, cores e decoração. Os ambientes contemporâneos oferecem ideias criativas e fáceis de aplicar em casa ou em escritórios e consultórios, unindo a imaginação ao ecologicamente correto, e sempre recorrendo ao reuso de materiais descartados, que assumem novas funções.
Por exemplo, as madeiras usadas são de demolição; alguns tecidos são resultado de reciclagem de garrafas pet; as luminárias mais lindas são de papel Kraft, feitas com papelão reciclável; os pneus abandonados viram luminárias ou suportes para plantas; a velha gaiola pode se transformar em abajur; os vasos são de fibras naturais; cabides são usados como pés de aparadores; as tintas de escolha são à base de água; os cartões postais podem sair das gavetas e, presos em cordas, adornar as paredes... e assim por diante.
Nessa expo diferenciada o imaginário não
tem limites, tudo é
supresa, tudo é ideia valiosa. E vale
ainda mais a visita, porque, quando encerrada a mostra, esse legado ficará para a Fundação Síndrome de
Down.
SustenTalks
A programação
da mostra apresenta a SustenTalks, com
palestras interativas de pensadores,
chefs de cozinha, músicos e educadores. Em pauta, além da sustentabilidade, há eventos musicais e gastronômicos que serão
realizados entre 4 de setembro e 11 de outubro, sempre de quarta a domingo, na
própria Fundação.
“Queremos deixar um legado social positivo, gerar bons
negócios aos profissionais e empresas envolvidas e, principalmente, incorporar
conceitos e atitudes sustentáveis ao cotidiano dos visitantes”, explica
Fernando Caparica, diretor da Mostra Sustentável.
Alguns Ambientes da Mostra
Quarto dos avós e jardim sensorial -ÓrigoN - Projetos com Significado
Pessoal - Gustavo Rodrigues Ramos (engenheiro civil), Simone Saviolli
(designer de interiores) e Sônia Magna (arquiteta e paisagista)
A cama
e os criados-mudos são presos na cabeceira curva, que tem acima uma arte
canetada, que no Japão significa “celebrar a vida”. Tudo para momentos de
convivência com o neto Down. Há uma estante móvel de livros feita de MDF e
cordas que vêm do teto. O paisagismo tem
conceito sensorial e geométrico. Há um banco de madeira para contemplar o
entorno, utilizando o olfato e o paladar com as plantas sensoriais: camomila,
alecrim e lavanda. O jardim sensorial valoriza também o tato, por meio das
texturas diferentes da grama, do piso e das pedras, que fazem o design do
caminho da circulação do jardim. Uma cisterna coleta águas fluviais para
alimentar o jardim e a residência. Destaque: o
projeto cria e valoriza espaços de convivência entre avós e neto, com detalhes
que reforçam a acessibilidade e a longevidade.
Quarto do Casal - Mayline Mendes e Silvana Gomes (arquitetas e
urbanistas) e Raissa Zenum (engenheira civil)
O
quarto com varanda une os estilos moderno e industrial com toda a parte
elétrica aparente, em dutos de cobre. Quase todo o entulho retirado do ambiente
foi transformado em mobiliário. A bancada em alvenaria demolida e as
prateleiras em ardósia foram reutilizadas nos bancos externos, cortadas ao meio
para ficarem mais leves e seguras. O forro do teto foi transformado em
divisória de ambiente na área externa. Na cama foram usados pallets sob o
colchão. Os lustres e luminárias são de latas de lixo e baldes e usam lâmpadas
de LED.
Na
integração com o verde, há vasos com vegetação nativa que necessitam de pouca água.
Para completar a decoração do quarto, itens que remetem às paixões de seus
usuários: a fotografia e a culinária. Já a varanda contempla um espaço de
descanso e convívio do casal. Um teto verde ajuda o conforto térmico, reduz a
poluição e influencia positivamente no visual com plantas que necessitam de
pouca água. Para mais aconchego ao espaço, cadeira de balanço e bancos. Destaque: Os
materiais empregados no projeto - desde a base da cama, os lustres, a tubulação
até o banco externo - derivam, em 80% dos casos, de materiais reutilizados ou
reciclados.
Quarto infantil – Onda do Léo - Priscila Marinheiro (arquiteta e
designer de interiores)
Desenvolvido
para um menino de três anos com Síndrome de Down, é lúdico, confortável, com
espaço de brincar. Com tema "fundo do mar", leva os tons azul e verde
e conta com um grafite que “aquece” o ambiente. Estruturado a partir da linha
pedagógica Montessori, que incentiva a criança a fazer as coisas sozinha, tem
cama baixa, interruptor acessível e brinquedos ao alcance da criança.
A
decoração foi organizada a partir de um deck elevado, em forma de onda, onde ao
centro está localizada a cama, que acaba por separar o ambiente em dois: o de
vestir e o espaço de atividades. Debaixo do deck, um espaço de brincar,
onde estão os brinquedos em altura acessível, banco de apoio para os pais e o
cantinho da leitura, estruturado em formato oval, dando aspecto lúdico e
aconchegante, com os livros ao alcance da criança. Entre o banco e os
brinquedos, um painel feito de círculos azuis vazados, remetendo às bolhas do
fundo do mar. Um detalhe que dá charme ao projeto: iluminação indireta, embaixo
do deck, para crianças que têm medo de escuro. Destaque: Grafite na
parede redonda, como um aquário, e o teto do quarto, onde chapas de acrílico em
forma de onda lembram o fundo do mar.
Spa - Patricia Bonadia (arquiteta e urbanista e analista de Feng
Shui)
São
três tipos de banheiras: uma de imersão, outra de hidro com cromoterapia e um
spa, além de área de massagem. Foi inspirado nos grandes spas da Ásia,
que a autora conheceu durante os seis anos que morou no continente. O Feng Shui
está presente e torna o ambiente aconchegante. São dois espaços integrados,
apresentando as banheiras, uma ducha vertical, uma maca de massagem, uma
bancada e espelho. Ventilador de teto, marcenaria criativa e revestimentos
sustentáveis integram o espaço. Os materiais foram escolhidos pela baixa
quantidade de poluentes e grande possibilidade de reutilização, ainda assim
mantendo a qualidade impecável. Além de constituir um ambiente que segue as
linhas de criação e design do Feng Shui, contribui para uma maior integração e
harmonização entre todos os elementos presentes no ambiente. Destaque: Integra
cinco elementos da natureza: terra, fogo, metal, água e madeira. Apresenta
pedras ao redor das banheiras e vegetação (terra). Elementos de marcenaria
(madeira). O metal está presente nos pendentes, nas torneiras, na estrutura das
poltronas. O fogo e a água, pela temperatura e cores quentes presentes no
ambiente.
Espaço Simple (Espaço Gourmet) - Tece Art - José Carlos Gabrielli dos
Santos Mori (arquiteto e urbanista) e Mayara Stecca (designer de
interiores)
Capta
sutilmente o conceito de Mindfulness.
Para promover reconexão com o essencial, o projeto assume elementos naturais,
como a madeira, o vergalhão de obra. Na decoração, uma exposição de fotos das
crianças da Fundação remete à história da instituição. O espaço é dividido por
uma estante de apoio conectada a uma mesa feita com madeira de demolição. A
mesa chama a atenção por ter um buraco ao centro, que permite a passagem de uma
árvore (Ficus Bambino) plantada em vaso, trazendo o conceito Urban Jungle ao ambiente.
Entre os materiais reaproveitados, o vergalhão - retirado de obras -, a madeira
de demolição dos móveis, o piso de granilite, de restos de garrafas de vidro
retiradas do lixo, além do reaproveitamento de peças de antiquários, como as
janelas antigas e uma geladeira retrô. Destaque: Ambiente utilizou restos
de materiais de obras e marcenaria, criando um espaço simples e artístico,
misturando concreto, madeira, ferro e vidro.
Loft UP - FKSA - Arquitetura | Design - Ana Maria Coelho (arquiteta
e light designer), Felipe Karam (arquiteto e designer), Selma Milaré Rubim
(designer de interiores). Colaboradores: Caroline de Moura Melo (arquiteta
e urbanista), Luana Silva (estagiária em Arquitetura) e Silvia Inês Guimarães
(engenheira agrônoma e paisagista)
Foi
desenvolvido para a Laura - jovem de 20 anos, com Síndrome de Down - morar
com independência. É caracterizado pela autonomia assistida. Laura é
blogueira, antenada nas redes sociais, onde posta fotos do dia a dia, da rotina
em casa, de looks e maquiagens e encontros com amigos e namorado. Dentre
seus vários hobbies,
a paixão por dançar e se exercitar.
No
revestimento da parede foi utilizado o papel líquido da Ecopaper, produto 100%
natural, além de isolante acústico, térmico e antialérgico. Foi mantido o teto
original de PVC e criado um forro intermediário com fio de malha ecológica. As
bancadas da cozinha, mesa e banheiro têm superfície de quartzo de alta
resistência e baixa porosidade. O revestimento da parede do quarto é de
poliuretano reciclado, leve e de fácil instalação, e a iluminação é em LED.
Para a irrigação do jardim, foi construída uma cisterna de 100 litros. Todos os
produtos são de material reciclado, do piso ao teto, incluindo tecidos e
estruturas de ferro e madeiras utilizadas nos móveis e acessórios. Destaque: O nome
Loft UP surgiu como um contraponto à palavra Down e, também, como
uma alusão à expressão Lift Up, que significa “levantar”.
Cozinha da Família - Erlon Tessari (arquiteto e designer de
interiores)
A
proposta é devolver à cozinha a condição de ponto de encontro para a família preparar e fazer as refeições e também celebrar. O espaço conta com uma grande
ilha central com fogão e pia, que deixa quem está cozinhando integrado com os
outros pontos do ambiente. Ao lado da ilha, uma grande mesa de madeira de
demolição. Os móveis são de madeiras certificadas e processo produtivo
ecológico, gerando menos resíduos na produção.
O piso vinílico é apresentado em
área molhada, demonstrando a facilidade de manutenção e seu processo produtivo
ecológico. Trata-se de um ambiente contemporâneo com peças antigas, lousa
decorativa, objetos artesanais e móveis com design moderno. Destaque:
Lançamento do pendente Capitão, com luminárias com ganchos que podem ser
penduradads ao gosto ou necessidade do dia.
Estar para relaxar - Julia Rodrigues (arquiteta)
Agradável, relaxante, rico em plantas proporcionando paz e tranquilidade. O aconchego está presente no sofá, na rede, no local de convivência íntima no entorno de uma mesa de jantar. Ao mesmo tempo, conta com espaço mais despojado para receber amigos e compartilhar um café ou um drink.
Entre
os itens que ganharam nova função, estão o teto de PVC reaproveitado,
tornando-se um ripado sustentável. Os vergalhões de obra são agora estrutura do
sofá. Madeiras de MDF cru de pinus foram reutilizadas na confecção dos móveis,
juntamente com caixas de feira. Aros de bicicletas tornam-se arandelas e os
chapéus de palha viram pendentes. Descartes de vidraçaria compõem a divisória
de vitrais e cabides viram pés do aparador. Quadros de restos de borras
de café com imagens de membros da família. Cores em tons de bege e azul remetem
ao deserto de areia e às lagoas dos Lençóis Maranhenses.
A
jabuticabeira divide o ambiente com os pássaros criados a partir do barro, que
além de remeter a elementos vivos, representam a liberdade. Destaque: O
ambiente foi mostra que é possível estar
antenado com as tendências da moda e do design e ser sustentável.
Consultório de Pediatria Encantado - Ana Cláudia e Vanessa
Rossi - (Estúdio Casa Leopoldina – design de interiores para a área da Saúde)
Um espaço de atendimento médico ou hospitalar não precisa ser “frio” ou impessoal. O design lúdico e sensorial valoriza o conceito de brincar. Usa cores, formas e materiais sustentáveis. O piso vinílico é um produto certificado e baseado em princípios que garantem a renovação em cada etapa do ciclo de vida do produto. A mesa de atendimento médico é feita de matéria prima patenteada e qualificada como material de composição reciclada.
Fotos: Leandro Farchi |
A marcenaria em
MDF utiliza madeira de reflorestamento e os resíduos são destinados à produção
de energia, em olarias de cerâmica. As sobras de tecidos são destinadas à
produção de bolsas ecológicas. A cortiça é reciclável e renovável. O alumínio,
100% reciclável. Destaque: Toda
a madeira é proveniente de áreas de reflorestamento
Serviço
Mostra Sustentável
Quando: de 4 de setembro a 13 de outubro, de quarta a domingo
Onde: Fundação Síndrome de Down - Rua José Antônio Marinho,430, Campinas
Os
ingressos custam R$ 35,00 (inteira, entrada + revista), R$ 20,00 (meia, entrada
+ revista), revisita R$ 10,00 (apenas entrada) e passaporte R$ 70,00 (entrada
ilimitada + 1 revista). As vendas são feitas somente na bilheteria, aberta até
às 19h30. Informações pelo e-mail contato@mostra.com.br ou
pelo telefone (19) 99121-0262.
Nos
dias de semana, a mostra fica aberta das 15h às 21h e, aos sábados, domingos e
feriados, das 11h às 19h. A programação está disponível no site www.mostrasustentavel.com.br
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