A violência e o desrespeito
à figura feminina são atitudes de longa
data. Aliás, elas existiam desde a era
medieval e continuam num crescendo até os tempos atuais. Uma
fábula antiga e bastante peculiar aborda
uma história muito parecida com a vida
real de hoje.
Trata-se de um belo conto de fadas de Charles Perrault. Nele, as vestes são um símbolo
visível de atividade espiritual.
A lenda mostra os maus momentos de uma mulher da aristrocracia. Ela também revela a possibilidade da vestimenta transmutar totalmente uma pessoa ou personagem.
Os contos são inspirados nas
histórias medievais, coletas de narrações orais, compiladas em Mamãe Gansa.
Este também é uma adaptação.
Era uma vez uma família
feliz: o rei, a rainha e a linda princesa protegida pelas boas fadas.
(Bettelheim, Bruno – A Pasicanálise dios Contos de Fadas)
O enredo segue por estas linhas: num reino distante a rainha, em seu
leito de morte, faz com que o rei prometa apenas se casar novamente caso
encontre uma mulher ainda mais bela do que ela. Só que em todo o reino apenas
uma pessoa atendia a esta condição: a própria filha da rainha.
Depois que a rainha morreu,
a jovem princesa passou a ser cuidada
pelo pai. Mas cuidada ?
Ele desenvolveu um desejo
cada vez maior pela filha. Chegou a atacá-la. Ela escapava e se enfeiava. Misturou-se
com os servos domésticos.
O rei procurava a filha
loucamente. Seu desejo só aumentava.
Desesperada, a princesa busca ajuda com sua fada-madrinha, que sugere
que ela peça presentes de casamento cada vez mais difíceis de encontrar, com o
objetivo de adiar ao máximo a cerimônia.
Imagens do filme Peau d'âne (França 1970) |
Uma noite a princesa voltou ao
reino escondida sob a pele de asno.
Tirou-a e escolheu um lindo vestido de princesa. Que vontade de usar as joias.
Assim o fez e recordou outros tempos olhando-se no espelho.
O rei percebeu luz no quarto dela e correu para lá, agarrou-a
com a intenção de abuso. Seu desejo de pai era um crime.
As fadas protetoras vieram
em seu socorro, e mandaram o pai para um lugar de onde nunca mais poderia
voltar.
E assim a Pele de Asno deixou
de existir. Tornou-se Rainha.
Texto: Vitalina Alves de Lima –
Professora de História
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