Assisti
o ensaio e amei. O musical "Dona Ivone Lara – Um Sorriso
Negro” retrata, com alegria e muito samba na voz e nos
pés, a vida e a obra da cantora e compositora Dona Ivone Lara.
Impossível ficar apático. A boa história e a excepcional música da “Rainha do Samba" (título carinhoso que ela recebeu), sobe à cabeça e coração e leva o corpo da plateia a acompanhar o ritmo. São dois atos que misturam três tempos diferentes. Em cena, ela é apresentada em
três idades: 12 26 e 80 anos, épocas
marcantes que explicam quem ela foi.
Importante
salientar que Dona Ivone é referencia para o empoderamento feminino no
mundo do samba, já que veio na frente, abrindo espaço para outras tantas mulheres. Mas nascida pobre, preta e num
país machista por excelência, ela enfrentou luta e desafios até chegar à liberdade de cantar suas músicas
e alcançar o sucesso.
Sua história no mínimo inspiradora é contada através da alegria do samba. Ela teve uma formação musical desde a
infância, já que a mãe era cantora de
rancho, o pai violonista e o tio materno, Dionísio, com quem ela morou após
a morte dos pais, tocava violão de sete cordas, e fazia parte do grupo de
chorões que reunia Donga e Pixinguinha. Foi com ele que Ivone aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir
samba.
A peça, sucesso de bilheteria no Rio de Janeiro, agora chega à São Paulo. O enredo relembra o
começo difícil, já que o preconceito não aceitava mulher sambista. Mas sempre forte e corajosa, Dona Ivone Lara rompe tais protocolos "machistas" da época
e torna-se a primeira mulher a assinar sambas, especialmente sambas enredos. De
passo a passo, ela foi conquistando seu lugar, e hoje é considerada a maior
compositora do samba e da música brasileira.
Sonho Dela, Sonho Meu
Dona Ivone Lara |
Aos 25
anos casou-se com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da escola de
samba Prazer da Serrinha. Foi lá que Ivone conheceu alguns compositores que se
tornariam seus parceiros em lindas
composições, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira. Mas... coisas
do passado: ela compunha,e quem assinava
os sambas era o primo. Entrou para a ala de baianas e ala de compositores da
escola de coração, o Império Serrano, e ajudou a compor "Os Cinco Bailes
do Rio de Janeiro", um dos enredos mais belos da história da escola.
A música era só uma das paixões de Dona Ivone,
que também trabalhou como Enfermeira e como Assistente Social especializada em
Terapia Ocupacional, e ajudou a cuidar de doentes em clínicas psiquiátricas. Só
depois de aposentar-se, aos 77 anos, passou a se dedicar integralmente à
música.
Amadurecida
pelas perdas e dores da vida, viúva e batalhadora, a dublê de cantora e
compositora enfrentou bravamente o machismo e o
racismo, além da dura batalha para sustentar seus dois filhos. Driblando todas as dificuldades, compôs clássicos do samba como Sonho Meu, Acreditar, Sorriso
Negro, Enredo do Meu Samba.
Dona
Ivone Lara também trabalhou como atriz, com participação em filmes, e foi a Tia
Nastácia em especiais do programa Sítio do Pica-Pau Amarelo. Ao longo de sua carreira
musical lançou 15 CDs e 2 DVDS e suas
músicas foram gravadas por grandes nomes da nossa MPB, como Clara Nunes, Maria
Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da
Viola, Beth Carvalho e Marisa Monte. Uma de suas composições mais conhecidas,
em parceria com Délcio Carvalho, é Sonho Meu, cujo álbum ultrapassou um milhão
de cópias vendidas.
Serviço
Musical
Dona Ivone Lara- Um Sorriso Negro
Quando:
de 29 de agosto a 20 de outubro
Quinta,
sexta e sábado: 20 horas
Domingo:
17 horas
Duração:
135 minutos
Teatro
Sérgio Cardoso
Rua Rui
Barbosa, 153, São Paulo
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