Não quero que me imitem. Não quero ninguém atrás de mim. Tenho
muito medo de ser porta-voz de qualquer coisa”. Nesta declaração, feita
em 1988, Cazuza já profetizava o inevitável. O talento instintivo e
avassalador, o temperamento explosivo, a linguagem única e libertária fizeram dele
um ícone sem precedentes na cultura contemporânea produzida no Brasil. Esse grande cronista da juventude
brasileira dos anos 80, morto em 1990,
aos 32 anos, foi alçado a precoce e definitivo mito no imaginário brasileiro.
Para recordar sua trajetória
memorável, Cazuza - Pro Dia Nascer Feliz, musical
que já foi visto por mais 200 mil espectadores, volta aos palcos de São Paulo em curta
temporada, no Teatro
Porto Seguro. O espetáculo reúne alguns dos maiores clássicos
de Cazuza tanto em carreira solo quanto com a banda Barão Vermelho, como Pro Dia Nascer Feliz e Codinome Beija Flor.
Também os hits Bete
Balanço, Ideologia, O Tempo Não Para, Exagerado, Brasil, Preciso Dizer Que Te Amo e Faz Parte do Meu Show estão
presentes no roteiro, que ainda reserva espaço para composições de Cazuza que
ele nunca chegou a gravar, como Malandragem, Poema e Mais Feliz.
Letras e Poesia
Para a construção do texto,
Aloísio de Abreu partiu das conversas com pessoas próximas a Cazuza e fez uma
ampla pesquisa para a criação da estrutura dramática do espetáculo. “Apesar de
frequentar os mesmos lugares, eu não conhecia o Cazuza. Entretanto, sempre
admirei a obra dele, que tem um quê de crônica daquela época, revelando
comportamentos típicos dos jovens que todos éramos nos anos oitenta”, explica
Aloísio.
Como a vida do personagem foi
curta e ao mesmo tempo muito intensa, o autor procurou contar a história de
forma ágil, avançando sempre a partir dos momentos de virada na carreira e na
vida dele: a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve
cantar, montar uma banda, se profissionalizar, o estouro, as brigas, a mudança
no estilo de sua obra, o estrelato solo, a descoberta da doença, a urgência
poética no fim das forças.
“As músicas se inserem quase como parte do texto. Estrutura de
musical mesmo. Claro que tem momento show, mas a trajetória do Cazuza é contada
através das letras e da poesia dele. Tudo no texto ‘faz parte do show’“,
complementa.
Fotos: Claudia Ribeiro |
A
montagem deu continuidade à pesquisa desenvolvida pelo diretor João Fonseca de
uma cena musical brasileira mais despojada e teatral. “Este espetáculo é mais
um passo do trabalho que comecei com ‘Gota d’água’ e que culminou no ‘Tim
Maia’. É uma nova possibilidade de desenvolver e aperfeiçoar uma linguagem
muito autoral de musical iniciada há alguns anos”, conta o diretor. Ele lembra que os depoimentos de
Lucinha Araújo foram fundamentais na estruturação cênica do espetáculo: “A
partir das lembranças dela, vamos conhecendo a vida e a obra desse artista e,
tal como sua obra, a peça alterna momentos exagerados e de puro rock'n’roll a
momentos mais intimistas e delicados”, finaliza.
Um amplo trabalho de pesquisa
também foi essencial para a concepção musical do espetáculo. Os diretores
musicais Daniel Rocha e Carlos Bauzys conceituaram a sonoridade em diferentes
situações: Barão Vermelho não produzido; a gravação do primeiro disco; e depois
do sucesso, já consolidados. A banda solo de Cazuza também é reproduzida com
fidelidade. “Adaptar a obra dele tornando-a cênica e, ao mesmo tempo, empolgante e reconhecível ao público foi nosso
maior desafio”, define Daniel.
Ficha
técnica:
Texto de Aloísio de Abreu.
Direção Geral João
Fonseca. Elenco Osmar
Silveira (Cazuza), Susana Ribeiro (Lucinha Araújo), Marcelo Várzea (João
Araújo), Fabiano
Medeiros, André Dias, Carolina Dezani, Carlos Leça, Igor Miranda, Dezo Mota,
André Vieri, Fabiana Tolentino, Philipe Carneiro, Bruno Narchi, Oscar Fabião,
Matheus Paiva e Pamella Machado. Direção Musical Daniel Rocha.
Preparador Vocal Felipe
Habib. Coreografias Alex
Neoral. Cenário Nello
Marrese. Figurino Carol
Lobato. Visagismo Juliana
Mendes. Design de luz Daniela Sanches e Paulo Nenem. Design de
som Gabriel
D´Angelo. Realização Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura.
Patrocínio Porto
Seguro e UOL.
CAZUZA - pro dia nascer feliz
De 19 de julho a 25 de agosto
Sextas,
às 21h; sábados, às 17h e 21h.Domingos, às 19h.
Sessões
duplas (17h e 21h) nos dias 27/07, 03 e 10/08.
Nos
demais sábados apenas a sessão das 21h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 165 minutos (com 15 de intervalo).
Gênero: Musical.
Ingressos: R$ 150,00 plateia / R$ 90,00 frisas / 75,00
balcão.
TEATRO
PORTO SEGURO
Al. Barão de Piracicaba, 740 –
Campos Elíseos – São Paulo – tel. (11)
3226.7300.
Bilheteria: De
terça a sábado, das 13h às 21h e domingos, das 12h às 19h.
Vendas: http://www.tudus.com.br
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