Laila Garin e Alejandro Claveaux voltam a encenar Gota D`Água [a
seco], versão do clássico de Chico Buarque e Paulo Pontes,
com direção de Rafael Gomes. A
nova temporada acontece no Teatro Porto Seguro.
Em dezembro de 1975, Bibi
Ferreira subia ao palco do Teatro Tereza Rachel (Rio de Janeiro) para
estrear Gota D’Água,
transposição da tragédia grega Medeia, de Eurípedes, para a realidade de um
conjunto habitacional do subúrbio carioca. Com um arrojado texto em versos
de Chico Buarque e Paulo Pontes e canções como Basta um Dia, o espetáculo
marcou época e se tornou um clássico moderno do Teatro Brasileiro.
Mais de quatro décadas depois, a
história voltou à cena com uma adaptação inédita do diretor Rafael Gomes. Batizada de Gota D’Água [a
seco], a
nova versão estreou no Rio de Janeiro em maio de 2016. No palco, Laila Garin e Alejandro
Claveaux são acompanhados por cinco músicos sob a direção
musical de Pedro Luís.
Como ‘a seco’ do título já
indica, a montagem busca chegar à essência da história, através dos embates
entre os protagonistas, Joana e Jasão,
ainda que outros personagens do original também apareçam na adaptação. Mesmo
com parte da trama sociopolítica reduzida na versão, Rafael Gomes reitera que
sua leitura da peça é focada em sua natureza política, cruelmente atual.
Opressores X Oprimidos
foto: Annelize Tozetto |
“A Gota D’Água original
possui uma trama política latente em seu embate entre opressores e oprimidos.
Ao concentrar a história nas ideologias,
ações e sentimentos de Joana e Jasão, intenciono falar sobre essa política mais
essencial da vida, que a maioria das pessoas sublima, esquece ou finge que não
é com elas, achando que ser político é somente saber apontar o dedo para o
adversário e se manifestar eventualmente por aquilo que interessa, de forma um
tanto individualista”, explica o diretor. Ele manteve toda a estrutura formal
da peça e inseriu novas canções e pequenas citações de letras de Chico Buarque
em algumas passagens do texto.
Estrela de Elis – A Musical, Laila além
de interpretar a mítica personagem eternizada por Bibi Ferreira, dá voz a
músicas que não faziam parte da peça original, como Eu Te Amo, Baioque e Cálice. Revelado no
projeto Clandestinos,
Alejandro Claveaux interpreta o personagem que já foi de Roberto Bonfim e
Francisco Milani (na temporada paulistana, em 1977).
Tragédia Carioca, Embates Universais
foto: Elisa Mendes |
Chico Buarque e Paulo
Pontes começaram a trabalhar no texto original a partir de uma
transposição que Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974) fez para a televisão. A
feiticeira Medeia virou Joana, moradora do conjunto habitacional Vila do
Meio-Dia, mãe de dois filhos, frutos de seu casamento com Jasão, alguns anos
mais novo do que ela.
Compositor popular, Jasão é
cooptado pelo empresário Creonte, que o ajuda a fazer sucesso, e acaba
abandonando Joana para se casar com a filha do milionário. A trama passional –
que culmina na vingança de Joana – tem como pano de fundo as injustiças sociais
pelas quais os moradores do local passam, vítimas da exploração de Creonte,
todo-poderoso da região.
Por conta deste acúmulo de
tensões, Rafael Gomes elegeu o embate como o conceito central de sua
montagem. Não somente o embate amoroso, que está no cerne da trama do casal,
mas também o social, em um sentido mais amplo, e, principalmente, o íntimo.
Com esta nova e enxuta adaptação,
as músicas que não estavam no original entram justamente para servir à
dramaturgia, ao contar partes da história, revelar melhor o caráter e as
contradições das personagens, além de amplificar alguns contextos e situações
que precisaram ser sumarizados.
Ficha técnica:
GOTA D’ÁGUA [A SECO] - com
Laila Garin e Alejandro Claveaux
De Chico Buarque e Paulo
Pontes. Adaptação e direção: Rafael
Gomes. Com Laila Garin e
Alejandro Claveaux. Direção Musical:
Pedro Luís. Cenografia: André
Cortez. Iluminação: Wagner
Antônio. Figurinos: Kika Lopes. Direção de Produção: Andréa Alves. Diretor assistente e direção de movimento: Fabrício
Licursi. Design de som: Gabriel
D’angelo. Preparação e arranjos vocais:
Marcelo Rodolfo e Adriana Piccolo. Assistente de direção musical: Antônia Adnet. Assistente de cenografia: Rodrigo Abreu. Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno e Vivi
Borges.
Serviço
Gota D'Agua [A Seco]
De 17 de abril a 30 de maio - Quartas e quintas,
às 21h.
Classificação: 14 anos.
Duração: 100 minutos.
Gênero: Musical.
Ingressos: R$ 80,00 plateia / R$
70,00 frisas / 50,00 balcão.
TEATRO PORTO SEGURO
Al. Barão de Piracicaba, 740 –
Campos Elíseos – São Paulo.
Tel. (11)
3226.7300.
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