"Definir-me seria impor limites que minha razão
desconhece". Essa frase do teólogo e humanista neerlandês Erasmo de Roterdã ajuda a entender o perfil de Lana Benigno, artista plástica que mantém ateliê na Praia do Icaraí, em Caucaia, estado do Ceará.
Ela não pára de inventar obras, seja na píntura, na escultura
ou artesanato. No momento sagrado da
criação, explica que não se rende à
planejamentos ou ditames.
Tal qual um pássaro, voa livre na inventiva e
execucão de ideias.
Freddie Mercury |
Ultimamente, Lana, que já trabalhou ns segmentos de teatro, cinema e decoração e estudou estilismo
de moda na UFC, especializou-se em criar gente de pano. Isso mesmo.
Frida Kahlo |
São figuras ilustres do mundo artístico, cultura ou política nacional ou internacional que ela personifica em corpo de pano, como a do escritor e poeta Ariano Suassuna, Carmem Miranda, Frida Kahlo, Bispo do Rosário, Bono Vox, Chico Buarque, Rachel de Queiroz, Chico Anísio, Sigmund Freud, Chico Buarque, Freddie Mercury, Bibi Ferreira, Rita Lee etc.
Rita Lee |
Primeiro os gestos
Conhecimentos da formação em moda, das vivências com figurino e cinema e
da paixão pelo universo artístico alicerçam a base sólida para a criação dos
personagens de tecido. “Tudo começa com a pesquisa do gestual; depois desenho, recorto, costuro, bordo e, por
fim, materializo a figura feita de pano
e linhas com fidelidade e afeto às personalidades
escolhidas”, explica ela.
O Beijo |
Para desenvolver o trabalho, Lana diz que inicialmente escolhe o gesto, depois faz as modelagens, corta, preenche, costura, monta e, por fim, faz a cabeça, começando sempre pelos olhos, depois o nariz, a boca e as orelhas, partes que são costuradas com esmero. Capítulo importante é a concepção da roupa e dos acessórios de cada retratado. “Eles são únicos e produzidos por inteiro. Mais que bonecos ou objetos, são vodoozinhos que carregam a essência da pessoa".
Artista Produtiva
Lana cercada de gente de pano |
Lana não brinca em serviço. Trabalha sem trégua. No espaço de cinco anos de trabalho já produziu mais de mil esculturas de pano, que ela chama carinhosamente de "voduzinhos". Lembrando que vodu é um misto de crenças cristãs e ritos africanos, onde o elemento sobrenatural é preponderante.
Ariano Suassuna |
Em comum, as peças buscam mostrar como essa artista vê a personalidade e o sentimento de cada pessoa esculpida em pano. "Se faço a Pina Bausch, por exemplo, vou lembrando das peças dela que já assisti, dos gestos e de tudo o que ela representa. Quando estava fazendo o Cazuza, ficava só ouvindo as músicas dele", revela, complementando que se entrega de corpo e alma e de ponto a ponto a cada trabalho.
Bibi Ferreira |
Entre os personagens mais pedidos ela cita o austríaco Sigmund Freud, "Pai da Psicanálise", com cerca de 40 produções diferentes, divulgadas nas suas redes sociais (Instagram e Facebook). "Evito a mesmice, ou seja, criar figuras iguais ou em escala. Uma exceção foi em 2016, quando aceitei o convite para desenvolver a Elke Maravilha em forma de troféu para o Festival de Cinema e Cultura LGBT. Assim mesmo apresentei a Elke em 20 versões distintas: de cabelo preto, loira, de botas prateadas, botas pretas... Ela era uma figura muito fashion e eu adorei fazer produções de moda diferentes para ela”, conta.
Sem alfinetar...
Apesar de suas figuras serem valorizadas como arte e adquiridas para
coleções ou para decoração, há quem tente encomendar personagens políticos com
objetivo de enfiar os alfinetes. "Não vou gastar minha energia com isso.
Os meus vodus nascem plenos de amor. Eles carregam meu sumo (lambo a linha com
a língua). Pego neles, amasso, torço, costuro visto. Tem muito de mim em cada um deles".
Carmem Miranda |
Até o dia 14 de março, suas obras podem ser conferidas na exposição gratuita “Gente de pano”, no piso térreo do Shopping Benfica, av. Carapinima, 2200, Benfica, em Fortaleza, tel (85) 3243-1000. Contatos de Lana Benigno: tel (85) 99610-3107, facebook - lana.benigno.1; instagram - @lanabenigno Fotos: Helena Santos (Diario do Nordeste)
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