O
solo Galo Índio mostra um órfão, que tenta retratar o seu pai ausente a partir de poucos
fragmentos que se alojaram em sua memória. Na busca pelos
contornos dessa figura paterna, sua própria infância emerge de sua memória e
demonstra o quanto esse vazio foi determinante na construção da sua forma de
ver e interagir com a vida.
A peça, com atuação e texto de Rodolfo Amorim e direção
de Antônio
Januzelli (Janô), enfoca as lembranças do ator e autor em relação à
morte de seu pai e o silêncio criado em torno desse fato na sua infância.
foto: jonatas marques |
O ator (na imagem acima) pesquisou sobre a
memória e as possibilidades de exploração da multiplicidade e transformações de
uma narrativa. Entrevistas, relatos de pessoas próximas desse acontecimento e
documentos ajudaram na construção desse
retrato.
Nesse
jogo de rememoração, incomoda mais ao órfão sua necessidade de pensar o pai,
feita de dificuldades, imprecisões e faltas, do que propriamente a morte em si.
O confessor conduz a plateia ao mundo
invisível de sua história: à medida que precisa aliviar o fardo de sua criança
e desse pai.
“Pensamos
um procedimento que investigue e discuta não só o ato de estar só em cena, mas,
sobretudo, de utilizar a própria história do
ator/narrador, em seus limites de interprete e confessor,” explica Amorim.
foto: jonatas marques |
A
peça autobiográfica reconstitui a personalidade de um pai conservado e
inventado no silêncio dos anos. A busca de detalhes para esse retrato, somada à
dificuldade de traduzir em palavras as lembranças que restam de alguém que se
foi, resulta nesse solo sobre a perda de um pai, conectada com as atuais formas
de autorrepresentação e autoficcionalização.
Rodolfo Amorim tem formação em Arte Dramática. Desde
2007, orienta Núcleos de Pesquisa pelo Grupo XIX de Teatro,
especialmente em relação a novos atores
e artistas parceiros. Em 2017 coordenou o Núcleo Invenção do Eu, uma vivência
do público sobre as estruturas que formam as noções de identidade.
Integrou o grupo, Tablado de
Arruar, participando dos espetáculos de rua: A Farsa Do Monumento e Movimentos
Para Atravessar a Rua. Dirigiu esse grupo no espetáculo: Hamlet – Quem Vem Lá.
Serviço:
Galo Índio – De 13 de outubro a 11 de novembro.
Temporada: Sábados às 20h e domingo às 19h.
Ingressos: R$40 e R$20.
Classificação indicativa: 14 anos.
Capacidade: 40 lugares.
Vila
Maria Zélia - Rua Mário Costa 13
(Entre as ruas Cachoeira e dos
Prazeres) – Belém. Tel.(11) 2081-4647Vendas: https://www.sympla.com.br/grupoxixdeteatro
dos Prazeres) – Belém. Telefone – (11) 2081-4647. Vendas -
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