Inveja é um sentimento de
natureza humana que se caracteriza por ódio ou rancor em relação a algo de bom
que o outro tem, e você não. A inveja fere o
narcisismo e pode levar ao desejo de atacar, “destruir” (literal ou
metaforicamente) o objeto bom.
A palavra vem do latim invidere (olhar
- videre). Não à toa se fala de “olho gordo”, “mau olhado” ou
“secar com os olhos” para se referir à energia negativa que uma pessoa sente
quando atingida pela inveja.
Várias culturas acreditam que o símbolo “evil eye” afasta
a inveja e protege a pessoa (por exemplo, o
nazar ou “olho turco”, uma pedra arredondada azul com círculos concêntricos que
lembram um olho).
Ao contrário do que muitos pensam, não há inveja “boa”. Inveja, por
definição, sempre envolve um sentimento ruim, negativo, mesmo que não haja uma
intenção consciente de querer o mal de alguém.
Muitas vezes a inveja se mostra de
modo sutil. Por exemplo, quando alguém faz pouco caso de algo que o outro tem
de bom (como diz o ditado, “quem desdenha quer comprar”). Normalmente, o
sentimento é explícito para quem observa o cenário, mas não para o próprio
invejoso, que pode não perceber de imediato que demonstrou inveja.
Redes sociais: ilusão de felicidade plena
Com as redes sociais, esse sentimento se torna ainda mais
exacerbado. O que mais se vê é o lado bom da vida das pessoas: família reunida,
encontros com amigos, premiações/certificados, viagens, etc. Para quem está em
uma situação ruim, seja financeira, no relacionamento com amigos e/ou
familiares, ou mesmo em depressão, as
postagens das redes acentuam a sensação de inveja e
frustração.
Se você se sentir um fracassado ao ver os posts, lembre-se que estas imagens de praias
paradisíacas e festas regadas a champanhes caros só mostram um lado da moeda.
As mesmas pessoas que postam isso também têm problemas. Não se iluda com o que
vê na internet. A grama do vizinho nunca é tão verde como parece.
Além disso, não temos ideia do que cada pessoa passou para
conseguir suas vitórias. Normalmente, só vemos o resultado: a realização da
conquista. Mas não sabemos como foi sua trajetória até lá. Pode ter sido um
caminho difícil, com muitos sacrifícios e desafios. Pois essa é a vida real de
pessoas comuns.
É
interessante notar que uma mesma situação pode provocar inveja em
uma pessoa, mas não em outra. Isso quer dizer que a inveja se
estrutura de modo diferente em cada um, conforme sua personalidade e dinâmica
de funcionamento psíquico.
Por ser
primitivo e intenso, é difícil de “domar” e até de admitir para os outros e
para si mesmo. Mas se a pessoa conseguir reconhecer que sentiu inveja e entender que sempre haverá algo ou alguém que
poderá despertar este sentimento, já será um passo importante para aprender a
lidar com a frustração de não ser como o outro ou não ter o que o outro tem
(seja algo material ou uma qualidade qualquer).
prof. dr. mario louzã |
Com a aceitação, a pessoa terá maturidade para encarar
a inveja como uma busca de melhoria. Ou seja,
se você quer tanto ter uma determinada habilidade que o outro tem, sinta
admiração e busque inspiração para tentar alcançar seu objetivo!
Texto do Prof. Dr. Mario Louzã, médico psiquiatra, doutor em
Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha. Membro Filiado do Instituto
de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.
0 comentários :
Postar um comentário