Um bate papo informal e intimista, com vasto cardápio de música, histórias e emoções, compõem o espetáculo Maestro João
Carlos Martins Em Concerto, que acontece no dia 4 de
dezembro, no Teatro Porto Seguro.
O Maestro apresenta-se
ao piano acompanhado da Camerata Bachiana e com a participação de Davi
Campolongo, um dos jovens que ele apresentou para o mundo da música clássica.
A apresentação constitui uma rara
chance para entrar em contato com a vida
e a arte de João Carlos Martins, cuja incrível trajetória, marcada pelo lema brasileiro de “não desistir
nunca”, já foi registrada em três documentários: o franco-alemão Die
Martin’s Passion (2003), o belga Revérie (2007) e o
brasileiro O Piano como Destino (2015); além do longa
metragem João, o Maestro, produzido pela LC Barreto, e da
peça Concerto para João em cartaz no Teatro FAAP.
Sucesso e percalços
A carreira de João Carlos tem muito de
perseverança e de idas e voltas. Ele começou
a tocar piano aos sete anos por influência de seu pai, José, que desde a
infância sonhava em virar um pianista. Aos oito anos, venceu seu primeiro concurso musical ao
executar obras do compositor alemão Johann Sebastian Bach.
Aos 21 anos, patrocinado por Eleanor
Roosevelt, apresentou-se pela primeira vez no Carnegie Hall, em Nova York. No
auge de sua carreira de pianista, tocou com as maiores orquestras norte-americanas
e gravou a obra completa de Bach para piano. Jornais como New York Times,
Washington Post e Los Angeles Times dedicaram-lhe reportagens entusiasmadas
focando sua personalidade artística.
Aos 25 anos, já consagrado como um dos
grandes pianistas do mundo, João Carlos sofreu uma queda enquanto jogava
futebol no Central Park, em Nova York, que atingiu o nervo ulnar e provocou
atrofia em três dedos, obrigando-o a parar de tocar. Depois de um ano, voltou a
tocar com dificuldade. Abandonou a carreira aos 30 anos.
Após sete anos longe do piano, decidiu
voltar aos palcos, recebendo excelentes críticas da imprensa e a aclamação do
público. Nesse período, porém, descobriu que desenvolveu distúrbios
osteomusculares relacionados ao trabalho (Dort). Novamente teve que abandonar a
carreira. A paixão pela música fez com que ele retornasse anos mais tarde e,
mesmo com sequelas, que o forçaram a adaptar novas formas de tocar, iniciou a
gravação da obra completa de Bach.
Da resiliência à regência
Em 1995, em um assalto na Bulgária, foi
golpeado na cabeça com uma barra de ferro, que provocou uma sequela
neurológica, comprometendo o movimento da mão direita. Mas como bom brasileiro,
ele não desiste nunca. Por meio de reprogramação cerebral, conseguiu recuperar
os movimentos e voltou a tocar com as duas mãos.
Entretanto, esse procedimento médico
deixou sequelas no braço direito e na fala. Decidiu passar por um novo
procedimento cirúrgico para corrigir o problema e teve os seus movimentos da
mão direita afetados. Antes, porém, terminou a gravação da obra completa de
Bach para o piano. Passou a fazer apresentações apenas com a mão esquerda.
Mas logo João Carlos recebeu a notícia de que havia desenvolvido
Contratura de Dupuytren na mão esquerda. Embora tenha passado por novo procedimento cirúrgico, acabou perdendo o movimento da mão esquerda, o
que o inviabilizou novamente de tocar piano. Em 2002, teve que parar de tocar
e, dessa vez, acreditou que seria para sempre.
Em 2004, aos 64 anos, João Carlos
iniciou os seus estudos de regência. Seis meses depois, apresentou-se com
sucesso em Londres, Paris e Bruxelas, como regente convidado, imprimindo em
suas interpretações a mesma dinâmica da época de pianista.
Em 2006, idealizou a Fundação Bachiana,
com a missão de levar a música clássica às pessoas que pouco ou nunca ouviram
falar dela. Construiu uma sólida carreira com a sua Bachiana Filarmônica
SESI-SP, a primeira orquestra brasileira a se apresentar no Carnegie Hall
(2007).
Atualmente, a Fundação Bachiana mantém
oito núcleos de musicalização para crianças e jovens pelo Brasil e tem
realizado cerca de 80 apresentações por ano. Mesmo com todas as limitações
físicas, no final dos concertos João Carlos costuma deixar a regência e
sentar-se ao piano para rápidas e emocionantes apresentações.
Maestro João Carlos Martins Em Concerto
Dia 4 dezembro - terça-feira, às
21h.
Ingressos: R$ 110,00 plateia /
R$ 90,00 balcão/frisas.
Gênero: Música clássica.
TEATRO PORTO SEGURO
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos
Elíseos – São Paulo, tel. (11) 3226.7300.
Bilheteria: De terça a
sábado, das 13h às 21h e domingos, das 12h às 19h.
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