Os primeiros anos do século XVI
abarcam um dos mais ricos e importantes períodos da história da arte ocidental,
a Idade de Ouro do Renascimento.
Poucos brasileros desconhecem o
valor das obras de Rafael de Urbino (1483-1520), o mais jovem da tríade formada
também por Leonardo da Vinci e Michelangelo, foi considerado o maior e mais
perfeito representante desta época.
Sua obra inspira-se tanto na
Antiguidade Clássica quanto na natureza. É para ele que se volta a Rafael e a Definição da beleza – Da Divina
proporção à graça, exposição que o Centro Cultural Fiesp recebe
de 19 de setembro a
16 de dezembro, com entrada
gratuita.
Com curadoria de Elisa Byington
e produção da Base7 Projetos Culturais, a mostra se antecipa às celebrações que
marcam os 500 anos de morte de Rafael, em 2020. Ela traz obras de grandes mestres do Renascimento
de diversas coleções italianas como a Galleria
Nazionale da Umbria e de Modena, a Galleria Borghese e
o Palazzo Barberini
de Roma, a Santa Casa e
o Museo del Tesoro de
Loreto, e o Museo
Nazionale di Capodimonti de Nápoles.
Conta também com obras inéditas
da coleção Yunes, de São Paulo, da Fundação Eva Klabin, do Rio de Janeiro, e um
conjunto de mais de
50 gravuras produzidas no ateliê de Rafael e seus discípulos.
Além das obras, a exposição
apresenta diversos recursos visuais que
auxiliam o visitante a compreender o processo de elaboração dos trabalhos
gráficos, como é o caso de O
Massacre dos Inocentes, gravura influente e de elaboração
meticulosa. Entre os destaques, uma projeção monumental de Escola de Atenas,
seguindo a escala original da famosa pintura de Rafael que decora o salão Stanza della Segnatura, no
Vaticano.
Viaje por Oito Seções
Organizada em oito seções, a mostra
convida o público a um passeio pelo fecundo percurso criativo de Rafael e pelas
mudanças que a ideia de beleza sofreu ao longo do Renascimento.
A expo tem início na seção
intitulada A Divina
Proporção, destacando as medidas exatas que orientavam a
concepção da beleza à luz dos estudos tanto matemáticos, como o de Luca
Pacioli, quanto artísticos, como os tratados de Vitrúvio e de Leon Battista
Alberti. Esta seção aborda também a obra de Pietro Perugino, possível mestre de
Rafael, que exerceu forte influência estética
sobre ele.
O percurso segue pela
seção Virtudes da
Imitação, que aborda o conceito de imitação como recurso
fundamental ao sistema moral e estético do Renascimento. As obras dessa seção
apresentam inúmeras referências ao mundo antigo, à natureza e ao próprio mundo
das artes. Aqui o público conhece uma das discussões mais importantes da
exposição: a imitação e a cópia não excluem a invenção e a originalidade. Ao
contrário, instituem um sistema de referências e um clima de competição que vai
caracterizar o ambiente renascentista.
A seção Idade de Ouro é dividida em duas
partes. A primeira é a Escola
de Atenas, famoso afresco de Rafael que decora a Stanza della Segnatura, no
Vaticano, e que faz uma homenagem à
Filosofia. A mostra apresenta uma projeção em tamanho real, em 5 por 7,7
metros, além da exibição digital de um cartão preparatório do afresco. A
segunda parte trata da rivalidade entre Michelangelo e Rafael, representada
pelos dois termos que intitulam a seção Terribilidade e Sprezzatura – em
referência ao virtuosismo atormentado da arte de Michelangelo e à elegância e harmonia da arte de Rafael, respectivamente.
A quarta seção Uma nova beleza marca
a ascensão da maneira moderna, com a substituição da objetividade do pensamento
matemático pela subjetividade do olhar artístico. A beleza feminina inaugura
essa seção com três preciosas Madonas com menino, representantes da típica
graça rafaelesca, e com La
Perla di Modena, pequeno óleo sobre tela de Rafael, que traz a
cabeça de uma mulher, revelando o sublime dos traços do artista.
Em Invenção e Execução aborda-se
a importância do ateliê na produção e difusão das obras e da fama do artista.
Neste segmento apresentam-se dois óleos dos célebres discípulos Giulio Romano e
Perin del Vaga, além de diversas composições de Rafael gravadas pelas mãos de
discípulos, como no caso da consagrada Batalha
de Constantino, afrescada postumamente na parede do Vaticano.
Em um período anterior à
criação da fotografia, a gravura foi essencial para a difusão do artista e sua
obra entre seus pares, colecionadores e mecenas. Rafael compreendeu o papel de
propagação do desenho gravado e isso logo tornou suas composições conhecidas
por toda a Europa - este núcleo de gravuras produzidas no seu ateliê aparece no
módulo Instrumentos
da Fama.
A mostra conta ainda com um
conjunto belíssimo de gravuras da Fundação Biblioteca Nacional, realizadas pela
primeira geração de gravadores do artista, jovens assistentes que receberam os
originais do próprio mestre ou de seus discípulos. Ainda que não fossem
gravadas de próprio punho, as estampas eram marcadas pela inscrição Raphael Invenit -
invenção de Rafael, em português -, artifício que distinguiu, pela primeira
vez, o papel do gravador do papel do criador, a quem cabiam os direitos
autorais e a propriedade da matriz. As gravuras de quase 500 anos despertam a
curiosidade de especialistas em todo mundo e ainda são pouco conhecidas do
público brasileiro.
Uma seção direcionada à Fortuna das Tapeçarias demonstra
a versatilidade da arte de Rafael e a diversificação das linguagens artísticas
de sua obra quanto à influência exercida nas artes do Norte da Europa, para
onde os cartões eram enviados para serem tecidos. Na mostra, encontra-se a
tapeçaria com a cena da famosa Pesca
Milagrosa, da série dos Atos
dos Apóstolos, destinada a cobrir as paredes inferiores da Capela
Sistina.
Por fim, o núcleo A Difusão da Maneira aborda
a disseminação do estilo amadurecido por Rafael e estimulado pela presença de
numerosos artistas em Roma e pela sucessiva diáspora destes artistas em razão
do Saque de Roma em 1527. Nesta seção há tanto gravuras realizadas sob a
inspiração de seus modelos, quanto três pinturas que sofreram influência do seu
estilo, além do cartão para tapeçaria da coleção da Fundação Eva Klabin com o
tema da Idade de Ouro, que se baseava em uma tapeçaria realizada por Rafael 100
anos antes.
Serviço:
Exposição Rafael e a Definição da Beleza – Da Divina proporção à graça
Período: de 19 de setembro a 16 de dezembro de 2018
Horários: de terça a sábado, das 10h às 22h e domingos, 10h às 20h
Local: Galeria de Arte do Centro Cultural Fiesp
Endereço: Avenida Paulista, 1313 – Cerqueira César (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Agendamentos escolares e de grupos: (11) 3146-7439 ou ccfagendamentos@sesisp.org.br
Grátis. Mais informações: www.centroculturalfiesp.com.br
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