O talento de artesãs que trançam com maestria a palha de carnaúba, árvore nativa do semiárido, será apresentado
na exposição A Casa AMA Carnaúba, a partir de 5 de setembro, em São Paulo. Bolsas, mesas, luminárias, pufes,
cestos, tapetes e outros objetos exclusivos são feitos manualmente pelas moradoras do Vale do Jaguaribe, a cerca de 180 quilômetros de Fortaleza, Ceará.
A exposição é uma parceria da A CASA museu do objeto brasileiro com AMA, projeto de água engarrafada da Ambev, cujo lucro é investido totalmente no acesso à água potável para as famílias do semiárido.
No início de 2018, AMA e A CASA iniciaram um trabalho de capacitação e inovação do artesanato feito com palha de
carnaúba com cerca de 90 artesãs em Sítio Volta, Sítio Caiçara e Santa Luzia, além das cidades vizinhas Itaiçaba e Palhano.
Por lá, a Ama construiu poços profundos e sistemas de distribuição de água gerados por energia solar. No trabalho de capacitação, as artesãs aprenderam sobre processo de criação e precificação das peças e participaram de oficinas de trançado, tingimento e costura.
Antes, a seca típica do semiárido levava as famílias a caminharem até 6 horas por dia em busca de água. Com água limpa chegando em cada casa das comunidades, a realidade dos moradores começou a mudar e eles puderam dedicar seu tempo a atividades que geram renda, como o artesanato. "Primeiro, levamos água limpa e agora queremos ajudá-los a criar empregos, renda e a preservar a cultura nativa do trabalho com a carnaúba. A exposição é um exemplo do que é possível conquistar quando as pessoas têm o básico", comemora Carla Crippa, diretora de sustentabilidade da Cervejaria Ambev e uma das idealizadoras de AMA.
A parceria com A CASA ajudou a aprimorar o artesanato típico do semiárido e garantir um valor agregado maior para as peças vendidas. Há mais de 20 anos o museu paulista promove o artesanato brasileiro com exposições e ações em diferentes comunidades, compartilha conhecimento e, principalmente, valoriza a diversidade de técnicas tradicionais encontradas em cada região do país.
O designer de artesanato Renato Imbroisi, que trabalha há 30 anos com comunidades, cooperativas e associações, assina a curadoria do projeto. A coordenação é de Eliane Guglieme e a supervisão de Renata Mellão, diretora geral d'A CASA. Ela lembra que o que mais a surpreendeu
nesse projeto "foi o envolvimento da comunidade e o potencial de transformação local".
Desde o início do ano, o trio uniu-se às designers Liana Bloisi, Cristiana Pereira Barreto, Lui Lo Pumo e Tina Moura, e ao mestre-artesão João de Fibra. Nos últimos meses, o grupo trabalhou com as artesãs para que as peças fossem produzidas com novas cores, diferentes tipos de trançado, grafismos e maior variedade de produtos.
"Em alguns desses locais, as artesãs restringiam sua produção a chapéus e vassouras. A partir desse trabalho, em pouquíssimo tempo, elas se aperfeiçoaram e expandiram a produção, multiplicando a cartela de produtos", completa o curador Renato.
Com o trabalho nas cinco comunidades, o projeto proporcionou a troca de saberes e experiências entre os pequenos povoados. Cada uma delas ficou responsável por coleções específicas. Enquanto algumas produziram peças com a fibra natural para a fabricação de bolsas, mesas e bancos, outras especializaram-se na criação de cestos, de diferentes tamanhos e modelos. Já as artesãs de Itaiçaba e Palhano criaram produtos feitos com palha de carnaúba tingida: são luminárias, pufes, cestos, tapetes e esteiras de cores vivas.
Todas as peças estarão à venda na exposição. Todo o projeto, desde a capacitação das artesãs até os objetos da mostra, está registrado no livro A CASA AMA Carnaúba, que também estará disponível no museu.
Carnaúba
A carnaúba é símbolo de resistência e longevidade. A árvore é nativa do bioma caatinga e consegue se adaptar ao clima semiárido da região por suas raízes profundas. Dela se aproveita tudo: folhas, tronco e raiz.
Sua madeira é utilizada na construção de casas e algumas peças de marcenaria; suas raízes, segundo a cultura popular, tem propriedades medicinais. Das folhas, além da palha que é utilizada para o artesanato, extrai-se a cera de carnaúba, matéria-prima utilizada na composição de produtos para polimento, lubrificantes, vernizes, tinturas e cosméticos.
Além do mais, esse tesouro nordestino é sustentável: todos os possíveis processos de utilização de seus recursos não agridem o meio ambiente e as árvores preservam o solo contra a erosão.
Serviço
A CASA AMA Carnaúba
Abertura: 5 de setembro de 2018, às 19h
Visitação: de 6 de setembro a 4 de novembro de 2018
Endereço: Av. Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros, São Paulo, SP
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h30
Informações: www.aguaama.com.br; www.acasa.org.br
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