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Modos e Modas é o blog da Jornalista Deise Sabbag. Inspirado nas tendências com possibilidade de alcançar as ruas e focado nas tendências adequadas ao biotipo brasileiro. Deise é autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma”, e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”, glossário reunindo os principais verbetes do setor.
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No semiárido, artesãs fazem bonito com a palha de carnaúba

Written By Deise Sabbag on terça-feira, 4 de setembro de 2018 | setembro 04, 2018



O talento de artesãs que trançam com maestria a palha de carnaúba, árvore nativa do semiárido, será apresentado 
na exposição A Casa AMA Carnaúba, a partir de 5 de setembro, em São Paulo. Bolsas, mesas, luminárias, pufes, 
cestos, tapetes e outros objetos exclusivos são feitos manualmente pelas moradoras do Vale do Jaguaribe, a cerca de  180 quilômetros de Fortaleza, Ceará. 

A exposição é uma parceria da A CASA museu do objeto brasileiro com AMA, projeto de água engarrafada da Ambev, cujo lucro é investido totalmente no acesso à água potável para as famílias do semiárido.

No início de 2018, AMA e A CASA iniciaram um trabalho de capacitação e inovação do artesanato feito com palha de 
carnaúba com cerca de 90 artesãs em Sítio Volta, Sítio Caiçara e Santa Luzia, além das cidades vizinhas Itaiçaba e Palhano.

Por lá, a Ama construiu poços profundos e sistemas de distribuição de água gerados por energia solar. No trabalho de capacitação, as artesãs aprenderam sobre processo de criação e precificação das peças e participaram de oficinas de trançado, tingimento e costura.


Antes, a seca típica do semiárido levava as famílias a caminharem até 6 horas por dia em busca de água. Com água limpa chegando em  cada casa das comunidades, a realidade dos moradores começou a mudar e eles puderam dedicar seu tempo a atividades que geram renda, como o artesanato. "Primeiro, levamos água limpa e agora queremos ajudá-los a criar empregos, renda e a preservar a cultura nativa do trabalho com a carnaúba. A exposição é um exemplo do que é possível conquistar quando as pessoas têm o básico", comemora  Carla Crippa, diretora de sustentabilidade da Cervejaria Ambev e uma das idealizadoras de AMA.

A parceria com A CASA ajudou a aprimorar o artesanato típico do semiárido e garantir um valor agregado maior para as peças vendidas.  Há mais de 20 anos o museu paulista promove o artesanato brasileiro com exposições e ações em diferentes comunidades, compartilha  conhecimento e, principalmente, valoriza a diversidade de técnicas tradicionais encontradas em cada região do país. 

O designer de artesanato Renato Imbroisi, que trabalha há 30 anos com comunidades, cooperativas e associações, assina a curadoria do projeto. A coordenação é de Eliane Guglieme e a supervisão de Renata Mellão, diretora geral d'A CASA. Ela lembra que o que mais a  surpreendeu
nesse projeto "foi o envolvimento da comunidade e o potencial de transformação local". 

Desde o início do ano, o trio uniu-se às designers Liana Bloisi, Cristiana Pereira Barreto, Lui Lo Pumo e Tina Moura, e ao mestre-artesão João de Fibra. Nos últimos meses, o grupo trabalhou com as artesãs para que as peças fossem produzidas com novas cores, diferentes tipos de trançado, grafismos e maior  variedade de produtos.

"Em alguns desses locais, as artesãs restringiam sua produção a chapéus e vassouras. A partir desse trabalho, em pouquíssimo tempo, elas  se aperfeiçoaram e expandiram a produção, multiplicando a cartela de produtos", completa o curador Renato.


Com o trabalho nas cinco comunidades, o projeto proporcionou a troca de saberes e experiências entre os pequenos povoados. Cada uma  delas ficou responsável por coleções específicas. Enquanto algumas produziram peças com a fibra natural para a fabricação de bolsas, mesas e bancos, outras especializaram-se na criação de cestos, de diferentes tamanhos e modelos. Já as artesãs de Itaiçaba e Palhano criaram produtos feitos com palha de carnaúba tingida: são luminárias, pufes, cestos, tapetes e esteiras de cores vivas. 

Todas as peças estarão à venda  na exposição. Todo o projeto, desde a capacitação das artesãs até os objetos da mostra, está registrado no livro A CASA AMA Carnaúba, que também estará disponível no museu.

Carnaúba

A carnaúba é símbolo de resistência e longevidade. A árvore é nativa do bioma caatinga e consegue se adaptar ao clima semiárido da região por  suas raízes profundas. Dela se aproveita tudo: folhas, tronco e raiz. 

Sua madeira é utilizada na construção de casas e algumas peças de marcenaria; suas raízes, segundo a cultura popular, tem propriedades medicinais. Das folhas, além da palha que é utilizada para o artesanato, extrai-se a cera de carnaúba, matéria-prima utilizada na composição de produtos para  polimento, lubrificantes, vernizes, tinturas e cosméticos.

Além do mais, esse tesouro nordestino é sustentável: todos os possíveis processos de utilização  de seus recursos não agridem o meio ambiente e as árvores preservam o solo contra a erosão. 

Serviço

A CASA AMA Carnaúba

Abertura: 5 de setembro de 2018, às 19h
Visitação: de 6 de setembro a 4 de novembro de 2018
Endereço: Av. Pedroso de Morais, 1216 – Pinheiros, São Paulo, SP
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h30
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Sobre Deise Sabbag

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Responsável por matérias especiais para o caderno B e titular de uma coluna no Diário Popular. Redatora especial e redatora de moda do City News, do grupo DCI, que posteriormente adquiriu o Shopping News e o Jornal da Semana. Idealizou e editou o Todamoda, que foi o primeiro caderno totalmente dedicado à moda no Brasil. Responsável pela execução de edições diárias em feiras nacionais de moda, como Fenit, Feninver, Feira de Moda de Fortaleza. Cobertura Internacional e pesquisas de tendências dos desfiles de alta-costura e prêt-à-porter em Paris, Roma, Milão e Londres. Docente do primeiro curso para formação de produtores de moda, ministrado pelo Senac. Foi membro do Conselho de Moda da Faap. Autora de três livros: “A Moda dos Anos 80”, “Na Moda de Corpo e Alma” e “Beleza e Qualidade de Vida de A a Z”.

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