O Grupo Tapa segue com
nova temporada de Anatol, do dramaturgo e médico
austríaco Arthur Schnitzler (1862-1931), de 7 a 30 de
setembro, no Teatro Paulo Eiró.
Com direção de Eduardo
Tolentino de Araujo e tradução feita especificamente para a encenação,
a peça, publicada em 1882, é o primeiro texto teatral escrito pelo polêmico
autor vienense, que flertava com as ideias do psicanalista Sigmund Freud sobre
a sexualidade humana. Pouco conhecido no Brasil, Schnitzler também é autor de
La Ronde (“A Ciranda”), que foi censurada em 1903 por causa de seu conteúdo
erótico – semelhante ao de Anatol.
Dividida em seis curtos episódios, com
diálogos carregados de humor ácido, a peça traça as aventuras e desventuras de
um Don Juan moderno em sua busca incessante de prazer em relações desprovidas
de afeto. Em cada história, Anatol e seu cúmplice Max (uma espécie de duplo do
protagonista) têm amantes diferentes – burguesas, atrizes, prostitutas e
costureiras –, sem fazer distinção de idade, classe social ou estado civil.
A peça tem como pano de fundo a efervescência artística e
intelectual de Viena na virada do século 19, ambiente que forjou o conceito de
modernidade e revolucionou a vida cultural europeia do século 20. Apaixonado
pela psiquiatria, Schnitzler disseca com bisturi o comportamento masculino
diante de suas parceiras, seus medos e suas perplexidades.
O autor
O austríaco Arthur Schnitzler
(1862-1931) foi médico e dramaturgo e fez grande sucesso em seu tempo,
sobretudo nos países de língua alemã. Sua obra dialoga com as ideias de Sigmund
Freud (1856-1939), o pai da psicanálise, que considerava o autor como seu alter
ego. Em uma carta para Schnitzler, Freud escreve: “Creio que a sua natureza é a
de um profundo investigador da alma, tão honestamente imparcial e intrépido
como nenhum outro jamais foi”.
Sua peça mais popular é La Ronde
(“A Ciranda”), cuja publicação, em 1903, foi censurada e taxada como
pornográfica. Uma adaptação cinematográfica da obra, com direção do alemão Max
Olphus, foi responsável pela popularização do autor no Ocidente. O filme,
indicado ao Oscar de melhor roteiro em 1952, ganhou o prêmio da mesma categoria
no Festival de Veneza em 1950.
Ainda mais recentemente, em 1999,
o filme De Olhos Bem Fechados (“Eyes Wide Shut”), de Stanley Kubrick, com Tom
Cruise e Nicole Kidman no elenco e com roteiro baseado em um conto de
Schnitzler, estimulou a curiosidade por sua obra. Foi o último filme dirigido
por Kubrick, que morreu antes mesmo do lançamento.
Independência feminina,
antissemitismo, promiscuidade das relações são alguns dos temas abordados pela
sua dramaturgia, que justificam o retorno de suas peças ao repertório dos teatros
europeus.
O diretor
Com 39 anos de carreira, Eduardo
Tolentino de Araujo, fundador e diretor do Grupo TAPA, já acumula mais de 50
direções teatrais, entre clássicos e contemporâneos, nacionais e
internacionais, tais como: Nelson Rodrigues, Maquiavel, Strindberg, Plínio
Marcos, Alan Bennett, Lárs Norén, Shaw, Tchechkov e Pirandello. Suas produções
mais recentes foram Doze Homens e Uma Sentença, de Reginald Rose; As Criadas,
de Jean Genet; O Torniquete, de Luigi Pirandello; e A Cantora Careca, de Eugene
Ionesco.
Grupo TAPA
Com mais de 80 prêmios da crítica
teatral em 39 anos de existência, o grupo se notabiliza por seu repertório
voltado aos autores clássicos, como Tchekhov, Shakespeare, Molière, Ibsen,
Strindberg, Maquiavel e Piradello. Entre os autores brasileiros encenados pelo
coletivo, destacam-se Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Millôr Fernandes, Jorge
Andrade, Artur Azevedo e Oduvaldo Vianna Filho.
Além do cuidado com a escolha do
autor e o trato com o texto, outro foco do grupo é o ator, razão pela qual
dedica grande atenção à preparação e à formação técnica de seus integrantes. O
TAPA realiza, ainda, grupos de estudos regulares para os atores e também atua
como formador de público, para o qual realiza palestras, seminários, leituras
dramáticas abertas, entre outros eventos.
Serviço:
ANATOL no Teatro Paulo
Eiró
De 7 a 30 de setembro
– Sextas-feiras e sábados, às 21h; domingos, às 19h.
Elenco: Adriano Bedin,
Antoniela Canto, Ariel Cannal, Athena Beal, Bruno Barchesi, Camila Czerkes,
Cinthya Hussey, Isabella Lemos e Natalía Moço.
Ingressos: R$20
e R$10 (meia entrada).
Teatro Paulo
Eiró – Av. Adolfo Pinheiro, 765 - Santo Amaro. Tel.: (11) 5686-8440.
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