Imagine a
cena. Filas de metros e mais metros para entrar num estande. Isso acontece normalmente na Beauty Fair, com centenas de
influenciadoras gastando horas,esperando
a vez para conhecer os lançamentos de marcas importantes do segmento e quiçás ganhar amostras ou produtos.
E perguntar não ofende: por que cargas d’água a maioria das
influenciers vai às feiras puxando malas de rodinhas?
A mega expo
Beauty Fair prova mais uma vez que as assessorias de imprensa não
fazem a menor distinção entre jornalistas
profissionais e blogueiras/ instragramers/ youtubers.
Parece tudo
“farinha do mesmo saco”. Para entrar na
feira – haja paciência - todos entram igualmente na longa e demorada fila de credenciamento.
Até Crianças
Nesta edição
da Beauty Fair, curiosamente me deparei com um enorme contingente de crianças
(que se autointitulam mini-influenciadoras) , que comparecem
à feira para colher material, brindes e,
claro, tirar belas selfies para postagens. Algumas, como Fabi Santina, foram contratadas para divulgar produtos e marcas na feira.
Nada contra a
evolução dos costumes. Nada contra a
internet que abriu espaço para todo tipo influencers, sejam profissionais ou
amadores. Aliás, algumas têm alto poder de comunicação, já que arregimentam
milhões de seguidores e likes.
No entanto,
é inevitável sentir uma fisgada de tristeza ao constatar que, hoje em dia, a experiência conta pouco. O que vale mesmo é ter beleza e juventude para “quebrar a internet”
com postagens onde o ego grita bem mais que a informação.
Dessa forma,
quase sempre a notícia em si fica para segundo plano. A maioria das digitais influencers posta selfies, com frequência alucinante, seja acordando, fazendo academia, comendo, se maquiando, se penteando, escolhendo e usando roupas, acessórios, cosméticos e, não raro, ganhando jabás e até bons cachês por tais posts.
Brilhar mais que a Notícia
Enquanto isso, um (a) jornalista profissional vai à luta: seleciona o que merece ser noticiado, faz entrevistas, pesquisa dados importantes dos produtos, procura o melhor ângulo para as imagens, capricha na confecção de um texto informativo e elucidativo, visando oferecer, ao consumidor, uma informação completa do assunto abordado.
Ao longo de
meus estudos e de carreira, sempre segui
a máxima de que o jornalista nunca deve aparecer
mais do que a notícia. E é justamente o
contrário o que fazem muitas das influencers, que postam imagens, onde predominam a egocentria e a vaidade, mas que são vazias de conteúdo educativo/informativo e, portanto, irelevantes para a maioria do público.
Por equanto tem dado certo o marketing das influenciadoras. Alguns
canais digitais contabilizam grande audiência, especialmente entre o público
teen/jovem. Frequentemente esses comunicadores
digitais são requisitadas para mostrar oferta de produtos das empresas e divulgar marcas em troca de jabás, viagens,
almoços e cachês altos.
Ossos da era digital
Anitta; cachê mais alto depois de Neymar |
Vale lembrar que a carreira de jornalismo não é a única que, com o avanço tecnológico, perdeu espaço e respeito no mercado brasileiro.
Outra atividade ameaçada é a de modelos. Para fazer grandes campanhas publicitárias (e
que trazem maior retorno financeiro do que desfilar ou posar para fotos) as agências de propaganda vêm optando
por celebridades (ou pseudo celbs), como
atletas, cantoras, funkeiras, ex-reality shows etc
Algumas
dessas famosas faturam exorbitantes
quantias , como é o caso de Anitta, Neymar, Ludmilla etc e até de ex BBBs.
E eis que elas invadem até um terreno
antes privativo das modelos profissionais - as passarelas.
É preciso
aceitar que o passar do tempo traz o sopro de mudanças significativas. Acabou, por exemplo, o requinte que era viajar de avião antigamente. E, pior ainda, arranhou o encanto e a responsabilidade de ser jornalista com J
maiúsculo ...
Deise Sabbag
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