Direcionada para a mulher madura, a alta-costura continua sendo a grande fornecedora de tendências para o prêt-à-porter de luxo e para asbutiques sofisticadas do mundo todo.
Um certo mistério (e muita precaução) ainda ronda as criações da haute-couture francesa. Os convites nominais para os desfiles de lançamento são enviados apenas para jornalistas registrados no sindicato.
Além disso, tudo corre em segredo nos ateliês. Corta-se e costura-se em salas onde as cortinas são mantidas constantemente fechadas, e não se admite entrada nem das manequins de prova com máquinas fotográficas ou celulares.
Mesmo assim, as barreiras do sigilo às vezes são rompidas por espiões industriais. O temor maior dos criadores de alta-costura são os japoneses, conhecidos como usuais e perpicazes copiadores.
No entanto, até para copiar é preciso ser artista. Principalmente quando o modelo utiliza metros e mais metros de sedas ou rendas, recortes milimetricamente estudados, enviesados perfeitos, além de rendas exclusivas, bordados e aplicações artesanais.
imagens da revista clichê |
Antigamente, só os costureiros tinham acesso aos tecidos nobres da alta-costura, mas hoje o prêt-à-porter de luxo também consegue, através dos grandes fabricantes de sedas e lãs, mostruários que facilitam a vida de quem copia.
Mesmo assim, porém, em uma cópia, sempre faltará algum detalhe importante. Isso porque certos aviamentos e acessórios são mais difíceis de serem reproduzidos, mesmo para o bom espião.
Afinal, os grandes artesãos estão na Europa, mais frequentemente em Paris, o que viabiliza a manutenção da alta-costura francesa.
Bordadores e confeccionistas de peles, rendados, flores, pedrarias etc preparam cuidadosamente suas coleções para apresentá-las exclusivamente aos costureiros. Fora da França, é o costureiro que deve criar e correr atrás de tudo.
Por isso, costuma-se dizer que a cópia é um trabalho para verdadeiros costureiros. Para “roubar” uma ideia de uma coleção é preciso entender perfeitamente como é feita uma prega, montada uma manga, trabalhadas as costuras, babados ou nervuras, enfim, é necessário conhecer o métier.
Outro agravante para os plagiadores: é complicado dirigir a mão de obra de qualidade para copiar a alta-costura.
Por causa dessas dificuldades e pelo discernimento da qualidade artesanal ampliado entre as consumidoras de posse, pode-se concluir que a espionagem ainda sobrevive, mas os grandes casos, que terminavam num tribunal, tornam-se cada vez mais raros.
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